Militantes sem-terra invadiram uma área perto de um condomínio em Brasília na madrugada de segunda-feira 20 e agrediram um morador. A propriedade fica no Setor de Mansões do Park Way, no Distrito Federal.
Josivaldo Alves Cordeiro, proprietário de um dos lotes do terreno, sofreu ataques depois de pedir a saída dos invasores. Ele fraturou o nariz após levar vários socos dos militantes. A Polícia Militar (PM) deteve os agressores, que assinaram um termo circunstancial e foram liberados.
Os sem-terra denominam a onda de invasões nesta época do ano de “Carnaval Vermelho”. A Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), liderada por José Rainha, ex-integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), concretizou mais de cem invasões no período. Na semana passada, por exemplo, o grupo invadiu fazendas nos municípios de Marabá Paulista, Sandovalina, Presidente Venceslau e Rosana.
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) ordenou que militantes da FNL saiam das terras que invadiram no oeste paulista. O grupo tem cinco dias para cumprir a decisão liminar da juíza Viviane Cristina Parizotto Ferreira.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de São Paulo (Aprosoja) manifestou repúdio às invasões de terras no oeste paulista. A entidade informou que condena “a violência, a relativização do direito de propriedade, a destruição de patrimônio e a barbárie de práticas criminosas que deveriam há muito ter ficado no passado”.
Além disso, a Aprosoja solicita que as autoridades paulistas “atuem de maneira firme e contundente, no sentido de desmobilizar as invasões e criminalizar os líderes e demais envolvidos nestes atos que atentam contra o Estado Democrático de Direito”. Por fim, a associação considera que “o crime , a desordem e a agitação” podem conduzir o país ao caos.
A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu também se manifestou contra a invasão de fazendas do FNL. Conforme o grupo, os produtores rurais “exigem respeito” e solicitam que as autoridades federais e estaduais resolvam a situação. “Que o Judiciário cumpra o papel de assegurar o direito de propriedade privada, tratando os fatos com agilidade”, afirmou, em nota.
De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), 11 invasões de fazendas foram registradas no país em 2021. No ano anterior, foram apenas seis. Em 2019, sete. Trata-se dos menores números verificados desde 1995, quando o Incra passou a organizar as estatísticas.
Nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os sem-terra invadiram quase 2,5 mil fazendas. Os primeiros governos de Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2010, registraram cerca de 2 mil invasões. Na era Dilma Rousseff (PT), em contrapartida, houve menos de mil crimes dessa natureza. Os números mostram que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresenta um desempenho melhor até mesmo que o verificado na gestão de Michel Temer (MDB), que durou de agosto de 2016 a dezembro de 2018. Foram 54 invasões durante o tempo em que o emedebista esteve à frente do Planalto, enquanto nos últimos quase quatro anos não passaram de 15.
Créditos: Antena Política (www.antenapoliticabr.com.br)