O dia de mobilização regional “Crise do Leite”, idealizado pela Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop) e Associação das Câmaras Municipais do Sudoeste do Paraná (Acamsop), realizado nesta sexta-feira, dia 01 de setembro, no auditório da Amsop, foi mais um momento histórico, em que a região se mobiliza em prol de uma reivindicação nacional. O evento reuniu mais de 400 pessoas, entre prefeitos, vereadores, deputados estaduais, produtores de leite e representantes de laticínios e cooperativas de 22 municípios da região, além de demais lideranças do setor.
Jeferson Maschio, morador da comunidade da linha São José “Baixo Marrequinha” em Santa Izabel do Oeste, ele é produtor de leite juntamente com o seu pai, disse que é a maior crise enfrentada nos últimos meses. O Governo Federal não tem que investir em outros países, sabendo que aqui no Brasil quem produz está sendo castigado.
A grandiosidade da mobilização é um reflexo da gravidade da situação econômica enfrentada pelos produtores de leite, não apenas do sudoeste – que é a maior bacia leiteira do Paraná, com 1 bilhão de litros produzidos anualmente – mas, também, de todo o Brasil, que sofrem com o aumento das importações, sobretudo, do Uruguai e da Argentina, e o aumento no custo de produção.
“A Amsop sempre na vanguarda de inúmeras discussões. E, no caso da produção de leite, vemos que o governo federal precisa, a curto e médio prazos, promover políticas de infraestrutura para melhorar o preço do leite ao produtor”, pontuou o presidente da Amsop e prefeito de Coronel Vivida, Anderson Barreto.
Barreto destacou, ainda, que “o sudoeste é, também, a segunda maior bacia leiteira do Brasil. E, o leite corresponde a uma parcela significativa no fomento da economia dos nossos municípios”.
O presidente da Comissão de Agricultura e Meio Ambiente da Amsop e prefeito de Vitorino, Marciano Vottri, alerta que “os produtores de leite estão à beira do colapso, é uma crise muito séria e, por isso, precisamos dar voz às agruras enfrentadas pela nossa produção leiteira”.
No mês de julho, o valor do leite cru manteve a trajetória de queda no Brasil pelo terceiro mês consecutivo, a uma média de R$ 2,41 o litro, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o que representa uma retração de 5,6% na comparação com junho. Já no acumulado de 12 meses, a queda é de 35%.
Mas, segundo a Associação dos Produtores de Leite do Sudoeste do Paraná (Aproleite Sudoeste), entidade que reúne 200 produtores, o valor do litro do leite na região parte de R$ 1,80, portanto, ainda mais baixo do que a média do Cepea. “Ficou inviável para o produtor, pois, o valor pago não cobre o custo da produção e não consegue garantir a capacidade de reinvestimento ou manutenção dos equipamentos. O ideal seria, no mínimo, R$ 3,00 o litro”, ressaltou o presidente da entidade, Sidclei Risso, que também apresentou um dado da Embrapa Gado de Leite, no qual, a cada 11 minutos, uma propriedade encerra a produção de leite de forma definitiva no país.
Em sua fala, o ex-deputado federal Assis do Couto comunicou que, na terça-feira, 05/09, estará em audiência com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e que irá repassar as reivindicações apresentadas durante a mobilização.
Já os deputados estaduais Wilmar Reichembach (coordenador da Frente Parlamentar de Apoio à Cadeia do Leite na Assembleia Legislativa), Luciana Rafagnin e Luís Corti se comprometeram em somar forças com os produtores de leite, na Assembleia Legislativa, e, ainda, buscar soluções junto ao secretário da Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara.
Créditos: Amsop/ Rádio Danúbio Azul/ Vídeo: Jeferson Maschio