Depois de 20 anos, o primeiro caso confirmado de sarampo no Paraná teve a certificação nesta quarta-feira (07) após exames. A mulher de 41 anos, moradora de Campina Grande do Sul, está em isolamento e os procedimentos de bloqueio vacinal seletivo nas pessoas que tiveram contato com ela foram realizados. A paranaense esteve em São Paulo entre 15 e 22 de julho e começou a apresentar os sintomas na sexta-feira (2).
O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, alerta para a prevenção da doença. “O sarampo já estava extinto em nosso Estado e não podemos deixar que contamine mais pessoas aqui e a doença volte a atingir grande número de paranaenses. Por isso peço à população que siga rigorosamente o calendário de vacinação indicado pelo Ministério de Saúde”.
A diretora e Atenção e Vigilância em Saúde, Maria Goretti David Lopes, explica que é possível bloquear a contaminação pelo vírus. “Como temos essa primeira confirmação de caso importado de São Paulo, o que devemos fazer é atualizar as carteiras de vacinação para quem ainda não está imunizado. Esta é a melhor forma de controlar o vírus e não deixar que ele avance no Estado”.
Além dessa confirmação, a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná acompanha outros dois casos de pessoas com suspeita de sarampo. Enquanto os resultados dos exames não ficam prontos é feito o bloqueio vacinal preventivo nas pessoas que tiveram algum tipo de contato, o monitoramento de sintomas dos pacientes e o isolamento domiciliar ou hospitalar.
“Pedimos para que todos os profissionais de saúde fiquem atentos aos sintomas e notifiquem os casos suspeitos a Vigilância Epidemiológica municipal para que possamos acionar as medidas necessárias para o bloqueio vacinal seletivo nos contatos suscetíveis após exposição e também possamos avaliar as carteiras de vacinação de todos os contatos”, destaca a coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Acácia Maria Nasr. “Como a contaminação é pelo ar, qualquer contato com uma pessoa doente é um risco alto de transmissão”, alerta.
PROTEÇÃO - A vacina contra o sarampo integra o calendário nacional de vacinação. A primeira dose é aplicada aos 12 meses de vida e a segunda aos 15 meses, a vacina tetraviral, que previcecontra sarampo, rubéola, caxumba e varicela/catapora. Quem tem até 29 anos deve receber duas doses para a imunização. Para a população entre 30 e 49 anos uma dose em qualquer momento da vida já é suficiente. Em pessoas maiores de 50 anos a vacina é indicada apenas nos casos de bloqueio vacinal após a exposição com casos de suspeita da doença ou confirmados. Pessoas imunodeprimidas, mulheres grávidas e menores de seis meses de idade não devem tomar a vacina.
A indicação do Ministério da Saúde é que crianças a partir de seis meses a menores de um ano de idade que vão se deslocar para municípios que apresentem surto ativo de sarampo devem ser vacinadas contra a doença pelo menos 15 dias antes da data da viagem.
No caso específico do Paraná, as crianças nessa faixa que forem levadas para Campina Grande do Sul devem ser vacinadas. Essa dose será contabilizada como extra e a criança deverá receber mais duas doses, uma aos 12 meses e outra com 15 meses de idade.
Os profissionais da área da saúde devem ser vacinados com as duas doses da tríplice viral em qualquer faixa etária, independente se atuam na atenção primária, secundária ou terciária.
HISTÓRICO - A notificação compulsória da doença no Brasil iniciou em 1968. No mesmo ano, a vacina anti-sarampo passou a ser disponibilizada na rede pública de saúde.
O Paraná estava há 20 anos sem registro de sarampo. O último caso foi registrado 1999, remanescente do surto ocorrido no ano anterior. Em 1998 houve 873 casos no Estado e um óbito decorrente de complicações da doença.
A DOENÇA - O sarampo é uma doença infecciosa transmitida por vírus e que pode ser contraída por pessoas de qualquer idade. As complicações decorrentes do sarampo são mais graves em crianças menores de cinco anos e podem causar meningite, encefalite e pneumonia. O vírus é transmitido pela respiração, fala, tosse e espirro. As micropartículas virais ficam suspensas no ar, por isso o alto poder de contágio da doença.
Os sintomas mais comuns são febre alta, tosse, coriza, conjuntivite e exantema (manchas avermelhadas na pele que aparecem primeiro no rosto e atrás da orelha e depois se espalham pelo corpo). Cefaleia, indisposição e diarreia também podem ocorrer. Como não existe tratamento específico para o sarampo, é importante ficar atento ao aparecimento dos sintomas.
Quem já teve a doença não corre o risco de ser contaminado pelo vírus novamente. As complicações da doença são: otites, infecções respiratórias e doenças neurológicas, e em casos mais graves podem provocar a redução da capacidade mental, surdez, cegueira e retardo do crescimento. O período entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é entre uma e duas semanas. Porém, a transmissão ocorre antes do exantema (as manchas avermelhadas na pele) e se estende até o sexto dia após.
BLOQUEIO - Quando ocorre suspeita ou a confirmação de sarampo, o paciente fica em isolamento e é realizado o bloqueio com a aplicação da vacina tríplice viral em todos que tiveram algum contato com esta pessoa. A ação busca interromper a cadeia de transmissão viral.
VACINAÇÃO - A carteira de vacinação é um documento pessoal e contém informações importantes sobre os registros de vacinas desde o nascimento. O alerta neste momento é para a imunização contra o sarampo, mas as demais vacinas também são importantes.
Para prevenir a proliferação da doença é preciso aumentar a cobertura das vacinas, em especial às crianças com 12 meses de vida. A meta do Programa Nacional de Imunização é que a cobertura vacinal chegue a 95%, porém dados registrados até junho no Paraná indicam que 89,8% das crianças nessa faixa etária foram imunizadas.
A Secretaria de Estado da Saúde orienta para que a população fique atenta às datas da carteira de vacinação e aos registros de doses. Quem já tomou duas doses da vacina da tríplice está imunizado. A vacina está disponível em todas as unidades de saúde dos municípios.
Caso não lembre se tomou a vacina e não tenha a carteira de vacinação, a pessoa deve ir até a Unidade de Saúde para verificar se há registro. Se não houver, a imunização deve ser realizada.
Créditos: Agência Estadual de Notícias