03/01/2020
Mãe estava no carro estacionado para acalmar bebê durante fogos da virada, são atingidas por outro veículo e bebê morre.

O tio da recém-nascida que morreu após o carro em que ela estava ser atingido por um bombeiro embriagado em Itatiba (SP), na madrugada de quarta-feira (1º), disse que o homem estava tão bêbado que mal conseguia se manter de pé.
Robson Fabiano Gabriel, de 47 anos, que é soldado da PM e atua como bombeiro em Campinas (SP), chegou a ser preso em flagrante e levado ao Presídio Militar Romão Gomes, mas conseguiu liberdade provisória após pagar fiança de R$ 4 mil.
De acordo com o boletim de ocorrência, os policiais que atenderam a ocorrência constataram no motorista sinais visíveis de embriaguez, como falta de equilíbrio e odor etílico.

 

 

"Ele estava muito bêbado, não conseguia ficar em pé. Todo mundo queria tirar ele do carro, eu falei para não tirar. Quando o policial chegou ele falou que tinha dinheiro e pagava tudo. Aí eu falei: 'cara, a vida das minhas sobrinhas você não vai pagar, porque dinheiro não compra tudo'. O cara está lá...dá três dias, cinco dias e ele está solto", disse Leandro da Silva em entrevista gravada no dia 1º, sem saber que o motorista já estava em liberdade.

A colisão foi registrada por volta de 1h, na Rua Angelina Zupardo Carneiro, no Jardim Santa Filomena II. Gerlaine Sodré de Jesus, mãe da recém-nascida, disse que entrou no carro estacionado na rua com a bebê para acalmá-la por conta do barulho dos fogos de artifício do Ano Novo. A filha de três anos também estava no veículo, com os vidros fechados.

 

Gerlaine estava amamentando a bebê quando o carro foi atingido na traseira. Com o impacto, Viviane foi lançada para frente e bateu a cabeça no para-brisa.

A menina de 3 anos sofreu uma lesão na testa e já teve alta do hospital. Viviane passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.
"Foi questão de segundos que eles já tinham cumprimentado todo mundo para ir embora. O pai das crianças também deu a mão para nós, o meu irmão, aí ele atravessou do outro lado para ir. A hora que ele estava chegando lá, o carro atingiu. O parente do meu irmão também foi arremessado, virando cambalhota até o portão do vizinho e o carro voou na casa de cima", relata o tio.

O corpo de Viviane foi enterrado no final da tarde desta quinta-feira (2), no Cemitério Municipal de Itatiba.

Liberdade provisória
 
O motorista foi solto após passar por audiência de custódia. De acordo com o Tribunal de Justiça, a liberdade provisória foi concedida mediante o compromisso de comparecimento a todos os atos e termos do processo.
Além disso, foi determinado o recolhimento domiciliar do bombeiro no período noturno (entre 22h e 6h) e nos dias de folga (inclusive feriados e fins de semana). Segundo o TJ, ele também não pode se ausentar da comarca por mais de oito dias sem autorização judicial.


A decisão que libertou Robson foi baseada na lesão corporal culposa (quando não há intenção de cometer o crime) na direção de veículo automotor e embriaguez ao volante. Segundo o TJ, "não havia nos autos informação sobre o óbito da vítima ou informação médica sobre seu estado de saúde".
O caso foi registrado a princípio como lesão corporal porque a bebê morreu horas depois da batida, no hospital.
O delegado responsável pelo caso disse que tem 30 dias para fazer o relatório final que vai apontar que houve homicídio. A partir daí, o bombeiro passará a ser investigado por homicídio culposo.

Robson é cabo da Polícia Militar e atua no 7º Grupamento do Corpo de Bombeiros de Campinas (SP). O G1 ainda não conseguiu localizar a defesa dele. Em nota, a Polícia Militar disse que acompanha o andamento das investigações e que, como Robson não estava a trabalho, por enquanto não será afastado de suas funções.

 

 

Créditos: G1 Sorocaba e Jundiaí

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