O primeiro caso de transmissão comunitária da Covid-19 foi detectado em Campo Mourão. O sistema Sentinela, método avançado de vigilância epidemiológica no Paraná, e reconhecido pelo Ministério da Saúde como um dos principais do Brasil, monitora a circulação de vírus em uma Pesquisa de Vírus Respiratórios.
A Secretaria da Saúde do Paraná implantou 13 novas unidades sentinelas para síndromes gripais. O total do Estado chega agora a 36. Somadas as sentinelas para síndromes gripais e para síndromes respiratórias agudas graves o Paraná possui hoje 63 unidades.
As unidades sentinelas fazem o monitoramento das síndromes avaliando a circulação vírus por meio de amostragem. Estas unidades são responsáveis pela coleta de material para análise laboratorial em pessoas que buscam atendimento de saúde com sintomas respiratórios e também em pacientes internados com quadros mais graves de doenças respiratórias.
Desde o dia 25 de março, foi incluído o teste para detecção do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no painel de exames das amostras Sentinelas realizado pelo Laboratório Central do Estado no Paraná (Lacen-PR).
“Uma das amostras coletadas aleatoriamente em Campo Mourão detectou a presença de SARS-CoV-2 e confirmou a transmissão comunitária no Paraná", comenta o secretário da Saúde, Beto Preto.
A Pesquisa de Vírus Respiratório é realizada com as amostras de secreção respiratória enviadas pelas unidades Sentinelas de todo o Estado e os exames incluem a verificação de sete diferentes vírus, entre eles o da Influenza. Com esse painel em cada amostra, são gerados os resultados que apontam onde há vírus circulante, se é possível identificar o contágio e tendências que desencadeiam ações campanhas de vacinação.
As Sentinelas propiciam a identificação dos vírus e como se dá a ampliação da contaminação geográfica de uma doença. Na situação pandêmica pela Covid-19, o paciente que teve a confirmação do novo coronavírus na amostra foi consultado para verificar todos o histórico para eliminar o contágio importado.
ORIGEM - A transmissão de uma forma comunitária se diferencia da não comunitária pela possível origem do contágio. A chefe da divisão de Vigilância de Doenças Transmissíveis da Secretaria da Saúde, Rosana Piler, afirma que o rastreio do histórico é o que diferencia.
“Nos pacientes confirmados com contatos e histórico bem definido é possível identificar a fonte da contaminação. Se uma amostra de uma das unidades Sentinela aponta resultado positivo para o novo coronavírus, como o caso de Campo Mourão, podemos caracterizar como transmissão comunitária”.
MUNDIAL - Há mais de uma década a busca por uma forma de prever e agir frente a novas epidemias fez o sistema de vigilância epidemiológica mundial estruturar uma rede de pontos de coleta para monitoramento, são as unidades sentinelas.
Instaladas em todo o país, e de responsabilidade e execução dos governos estaduais, a Rede de Vigilância em Influenza do Ministério da Saúde atua reunindo dados e informações sobre os vírus que estão transmitindo doenças no Brasil.
As informações são compartilhadas com a Rede Mundial de Vigilância Organização Mundial da Saúde (OMS), que regula, instrui e orienta situações de doenças em todo o mundo.
“Aprendemos com a pandemia da Influenza que é possível acompanhar e prever como se comporta a evolução e até onde pode ir o alcance das doenças. Instalamos no Estado uma rede ampla e bem ajustada que trabalha fortemente na vigilância de Síndromes Gripais (SG) e Síndromes Respiratórias Agudas (SRAG)”, explica o secretário Beto Preto.
TRABALHO - Cada uma das unidades Sentinela coleta semanalmente cinco amostras de secreção respiratória de pacientes que procuram atendimento com sintomas leves de Síndromes Gripais (SG). Estas Sentinelas funcionam normalmente ligadas às Unidades de Pronto Atendimento.
O outro tipo de unidade Sentinela é a de Vigilância de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG), instaladas em hospitais e unidades que tenham pacientes internados. Todos os pacientes que estão internados em Unidades de Terapia Intensiva com sintomas de SRAG têm material recolhido para realização de testes.
Outra possibilidade de coleta, menos rotineira, mas também possível, é a de paciente que foi a óbito na residência, caso o histórico de saúde apresente sintomas respiratórios graves.
A constante coleta de amostras e realização de testes é uma forma de avaliar quais vírus e qual o alcance territorial. “O objetivo principal é monitorar os atendimentos por Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave e avaliarmos a circulação dos principais vírus responsáveis por infecções aguda do sistema respiratório na comunidade”, explica a coordenadora de Epidemiologia da Sesa, Acácia Nasr.
MAPEAMENTO - Todas as amostras de secreção respiratória são enviadas ao Lacen para análise e posterior mapeamento da circulação viral no Paraná pela equipe de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde. Os resultados são encaminhados para o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP/Ministério da Saúde) para compor o panorama do país.
Créditos: Agência de Notícias do Paraná