Um projeto liderado pela Indústria Schumacher, de Marechal Cândido Rondon, e pelo Parque Tecnológico Itaipu (PTI-BR), com apoio de outras instituições do Estado, tem um nobre objetivo: desenvolver um modelo de respirador artificial (ventilador eletromecânico) de baixo custo e rápida produção para o tratamento de pacientes contaminados pelo novo coronavírus (Covid-19).
Com a alta procura global por esse tipo de equipamento, a alternativa simplificada pode ser uma importante aliada para os profissionais de saúde no enfrentamento da pandemia, com o custo consideravelmente menor do que os modelos mais completos disponíveis no mercado, que chegam a R$ 80 mil, e com produção predominantemente nacional. “É importante deixar claro que estamos falando de uma solução emergencial, comparada aos primeiros modelos produzidos no mundo, mas em países como Itália e Espanha muitas pessoas morreram pela falta de um respirador”, explica Rolf Satake, engenheiro eletricista e coordenador do projeto por parte do PTI-BR.
O protótipo do respirador artificial de baixo custo já foi apresentado para equipes técnicas e médicas de hospitais de Curitiba, Cascavel, Foz do Iguaçu e Marechal Cândido Rondon, sendo bem avaliado. “Os profissionais nos relataram que o equipamento atende às especificações exigidas quanto aos parâmetros técnicos, como pressão e volume. Estamos fazendo alguns ajustes para fazermos novos testes para validarmos o equipamento”, destacam Gilberto Schumacher e Adair Schumacher, sócios da indústria que está produzindo o respirador.
O grande desafio agora é correr contra o tempo para obter as certificações e homologações necessárias para que o equipamento possa entrar em operação nas unidades de terapia intensiva dos hospitais. Este trabalho de validação junto aos órgãos competentes, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), está sendo realizado pelo PTI-BR em parceria com outras instituições como a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e o LACTEC, instituto privado de pesquisas tecnológicas, localizado em Curitiba (PR).
Com o protótipo validado, a produção em escala não deve ser um problema, visto que foi montada uma cadeia de fornecedores 70% regional com apoio do Sistema Regional de Inovação (SRI), uma rede de atores que interage para promover um ambiente favorável à inovação para o desenvolvimento regional. Além disso, a fabricação das válvulas pneumáticas – consideradas o “coração” do respirador – é a grande especialidade da Indústria Schumacher, que calcula que até 20 respiradores podem ser fabricados por dia, conforme a necessidade. “O propósito do projeto não é visar lucro e venda em grande escala, mas sim proporcionar à comunidade uma solução em forma de projeto aberto que seja eficiente e possa ser produzido em diferentes regiões, neste momento emergencial de pandemia”, complementa Rolf Satake.
O PTI-BR e a Evolutec (parceira da Indústria Schumacher no desenvolvimento de componentes eletrônicos) são responsáveis por toda a parte de eletrônica embarcada no equipamento, além de prestar auxílio financeiro para a compra de insumos necessários para a validação do protótipo do projeto, que terá dois meses de duração.
Como surgiu o projeto?
A ideia do respirador de baixo custo surgiu no início da pandemia de Covid-19, quando os sócios da Indústria Schumacher desenvolveram um protótipo simples e divulgaram um vídeo mostrando o funcionamento do equipamento. A publicação logo viralizou na Internet e chamou a atenção do Governo do Paraná, que convidou os empresários a apresentarem a inovação ao grupo de ação estratégica relacionada ao enfrentamento do Covid-19 no Estado. O protótipo acabou não sendo validado em razão de alguns parâmetros tecnológicos.
Para ajudar nessa e em outras questões relacionadas ao projeto, o PTI-BR passou a prestar o apoio tecnológico necessário para o aperfeiçoamento do protótipo, com a mobilização de diversas instituições de pesquisa para atividades como o mapeamento de fornecedores locais de sensores e componentes eletrônicos, e soluções para viabilizar a produção em massa durante este período.
Situação em Foz do Iguaçu e no Paraná
Os respiradores artificiais se tornaram fundamentais no tratamento de pacientes mais graves contaminados com o novo coronavírus (Covid-19). Por isso, há uma preocupação em relação à quantidade necessária de equipamentos disponíveis nos hospitais para o período de pico da pandemia.
Em Foz do Iguaçu, os dois principais hospitais no enfrentamento ao Covid-19 (Hospital Municipal Padre Germano Lauck e Hospital Ministro Costa Cavalcanti) somam atualmente 158 equipamentos disponíveis, um acréscimo de 63 aparelhos, que foram adquiridos ou consertados para reforçar este período de pandemia.
De acordo com dados da Secretaria da Saúde do Paraná, até o dia 9 de abril os hospitais do Estado contavam com 3.792 respiradores. Outros equipamentos, adquiridos pelo Governo Federal, devem ser repassados em breve para os hospitais paranaenses.
Créditos: Portal Nova Santa Rosa/O Presente - Foto:Reprodução