Atualizado em 04/05/2020
Vacina no Brasil contra a covid-19 começa ser testada em animais nas próximas semanas

Responsável por chefiar a pesquisa para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus no Instituto do Coração (Incor),  o imunologista Gustavo Cabral e sua equipe de pesquisadores, trabalham de forma incansável para encontrar um tratamento eficaz ou até mesmo a cura contra o coronavírus.

 

 

 

Vacina que será testada em animais - O objetivo da vacina é fazer com o que o vírus seja incapaz de induzir a doença na pessoa. É o que acontece, por exemplo, nas vacinas contra a gripe. Podemos utilizar o vírus inteiro, apenas um pedaço dele, um pedaço do DNA ou um pedaço da proteína desse vírus para colocá-lo no corpo e fazer com que esse corpo reconheça como algo estranho e desencadeie uma resposta imunológica. Quando nosso organismo ataca um corpo estranho, ele gera uma memória imunológica, que faz com que criemos anticorpos contra esses vírus. É o que fazemos com as vacinas. Para um vírus infectar uma célula, ele precisa de algumas proteínas para acoplar-se a ela. Na vacina, podemos usar uma parte dessa proteína e induzir o sistema imunológico a responder só a esse pedaço, mas ele já não vai conseguir entrar na célula.

Os trabalhos in vitro também estão adiantados e já estamos partindo para os testes pré-clínicos em modelos animais nas próximas semanas. Com a corrida para ver quem cria a vacina primeiro, alguns países querem pular da experimentação in vitro direto para seres humanos, mas isso é uma loucura. Mesmo com todo o arcabouço teórico, o corpo humano é muito complexo, sempre vai nos mostrar alguma surpresa. É imprescindível testar antes em animais.

Ainda de acordo com Cabral, os pesquisadores precisam de pelo menos de 15 dias para avaliar como o corpo do animal vai reagir.

"Analisamos essa reação e vamos ajustando, de certa forma, a vacina até que ela seja totalmente eficiente. Nisso vão um mês ou dois. Com os resultados, vamos experimentando em outros modelos animais até que eles neutralizem o vírus a um ponto em que seja seguro testar em seres humanos. Depois disso, vêm os estudos sobre a toxicidade da vacina. Teremos que desenvolver uma enorme bateria de informações para justificar o encaminhamento da vacina para os órgãos de análise específicos. Aí entra a questão burocrática, que, devido à urgência, pode até correr rápido. Mas a biologia, infelizmente, nós não podemos apressar. Para saber se o que deu certo no animal vai funcionar em seres humanos, fazemos os estudos clínicos, em que pegamos uma pequena quantidade da vacina para testar se há uma resposta imunológica. Em caso positivo, testamos uma quantidade maior até que o vírus seja neutralizado.

 

Sobre os aprendizados com essa pandemia, o imunologista ressalta que  "o melhor aprendizado é que ciência e sociedade têm que andar juntas. Sem isso, continuaremos dependendo só de opiniões políticas para decidir se tomar cloroquina contra um vírus ou não, por exemplo. Isso não se faz com base em opiniões, diz respeito a uma questão médica-científica. Se ficarmos no jogo político, todos vamos perder", concluiu Gustavo Cabral.

Os elementos utilizados para desenvolver a vacina, ainda não foram divulgados.

Créditos: A Voz de Realeza / Com informações Site EL País Brasil)- (Foto: Reprodução)

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