14/12/2020
Mãe dos quíntuplos nota diferença em um dos bebês e relata diagnóstico

A mãe dos conhecidos quíntuplos do Paraná compartilhou, na última semana, o diagnóstico para autismo em um dos bebês, de 1 ano e três meses. Anieli Kurpel utilizou a página oficial do Instagram da família para dividir a descoberta com seus 376 mil seguidores. Segundo ela, Jhordan começou a dar os primeiros sinais de que se comportava de maneira diferente dos irmãos aos dez meses.

Após a postagem, a mãe dos bebês gravou diversos stories detalhando como identificou os sinais no filho. “Comecei a desconfiar quando Jhordan tinha 10 meses. Eu o chamava, mas ele não olhava para mim, pensei ser problema de audição e procurei ajuda médica. Ele não olhava bem para os meus olhos, ficava olhando para minha boca e cabelo, não gostava que a gente ficasse beijando ele. Além disso, ficava brincando sozinho em um cantinho, longe dos outros bebês. Ele não tem interesse em outros brinquedos”, descreveu.

Precoce

O diagnóstico para o Transtorno do Espectro Autista (TEA) precisa ser feito o quanto antes. O neurologista e especialista em autismo, Anderson Nitsche, do Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba, afirma que a média de descoberta entre os pais no Brasil está dentro de um padrão importante. “De modo geral, a média do diagnóstico está na fase de 2 a 3 anos de idade. Essa idade já é considerada precoce, tem que evitar deixar para fazer o diagnóstico após os 4 anos de idade. Até porque muitos pacientes já demonstram sinais com meses de vida, seis até oito meses, quando começam alguns sintomas ou atraso no desenvolvimento pessoal-social”, disse ele, em entrevista à Banda B.

Para o especialista, um bebê de seis meses já precisa ter uma boa habilidade em dar risada, olhar nos olhos nos pais, prestar atenção na expressão da mãe ou do interlocutor, que reflita em felicidade, tristeza, medo. “Algumas crianças nessa fase não consegue fazer esse desenvolvimento, muitas vezes os pais já conseguem identificar isso. O importante e que já está bem estabelecido é que o quanto antes perceber que há algum atraso nessa área pessoal-social é preciso iniciar uma intervenção porque melhora o resultado lá na frente”, detalhou.

A mãe dos quíntuplos contou que a partir de agora o pequeno Jhordan começará a frequentar terapias em uma clínica especializada em Curitiba.

 

 

Meninos

Para cada uma menina que nasce com o diagnóstico de autismo, há outros quatro meninos. Há estudos em diversos países para mapear o motivo da maior incidência do autismo em meninos, no entanto, o campo da pesquisa ainda trabalha apenas com hipóteses.

“Há apenas estatísticas, mas o motivo disso não se sabe. Uma das teorias mais estudadas é a possibilidade de os níveis hormonais durante a gestação ativem neurônios que sejam mais propensos ao desenvolvimento dos meninos. Mas, apenas teorias”, apontou o especialista.

Causa

Embora os estudos ainda não tenham apontado a causa certa para o desenvolvimento do autismo em crianças, já há um consenso de que a genética apontou fatores para a doença. “Certamente, há relação genética. Alguns genes já foram bem estabelecidos, já tem identificação. Mas, há autistas que continuam sendo autistas e não tem essas alterações genéticas, ou possuem outras que ainda vamos descobrir. Há uma estrutura genética por trás do autismo, mas tem outros aspectos ambientais que favorecem”, disse Anderson Nitsche. “Algumas coisas de ambiente, já conseguimos estabelecer bem, como prematuridade, idade dos pais, especialmente do pai, quando é acima dos 40 anos, problemas relacionados no nascimento. Mas, não há uma causa clara, até o momento”, completou o especialista.

Ajuda

O neurologista Anderson Nitsche afirma que o tratamento contínuo em crianças que tenham o diagnóstico positivo para autismo passam por etapas importantes de intervenção. “São três grandes áreas, claro, às vezes há necessidade de outras: na psicologia, onde a gente trabalha a forma de brincar, relação com outras pessoas; na fono, onde trabalha a comunicação, de que forma ela verbaliza, a não verbal, como os gestos, olhares; e a terapia ocupacional que trabalha especialmente a integração sensorial”, descreveu.

O neuro ainda define que a criança autista enxerga o mundo de uma maneira diferente e que é preciso integrar a sensorialidade dela com a vida tradicional. “O excesso de cores, luz, a deixa mais irritada, o barulho também. Têm crianças que parece não sente dor, cai e levanta, sem aparentar qualquer dor, não demonstra. Essas terapias precisam ser precoces, específicas para o autismo e intensivas. Ou seja, responder a um tempo de terapia de, pelo menos, 10 a 15 horas de terapia intensiva para que possamos ter um impacto real e melhora substancial no desenvolvimento dessa criança”, explicou o especialista Anderson Nitsche.

Créditos: Banda B Foto: Reprodução internet

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