A Prefeitura de Toledo, no oeste do Paraná, suspendeu na noite de sexta-feira (8) o programa de distribuição do medicamento ivermectina - que não tem eficácia comprovada para tratamento da Covid-19.
Em um vídeo, o prefeito Beto Lunitti lamentou a medida. A suspensão levou em conta o posicionamento dos profissionais farmacêuticos do quadro da Secretaria Municipal de Saúde, que seguiram orientação do Conselho Regional de Farmácia (CRF).
Na segunda-feira (11), o prefeito, o vice e a Secretaria da Saúde vão se reunir com representantes dos farmacêuticos e do CRF para tratar do assunto.
Pelo que havia sido anunciado pela administração municipal, a distribuição ocorreria a partir da segunda-feira, nas farmácias públicas do Centro de Saúde, do Jardim Coopagro e do Mini-Hospital.
De acordo com o protocolo, a distribuição seria feita exclusivamente para pessoas com mais 18 anos, que se colocassem de acordo com um Termo de Consentimento, que informaria de possíveis contraindicações à medicação.
O prefeito também anunciou que a suspensão da distribuição da ivermectina não altera o programa de "tratamento precoce", que tem um cronograma próprio para o início.
Segundo a médica da Sociedade Brasileira de Infectologia Flávia Gomide, a ivermectina é utilizada para combater fungos e parasitas, como piolhos, e não há nenhum estudo científico que comprove a eficácia do remédio contra o coronavírus.
“Infelizmente não há nada o que fazer. Não tem nenhum remédio que evite as complicações", disse.
Em julho de 2020, a Prefeitura de Paranaguá, no litoral do estado, distribuiu a ivermectina para a população. Sem eficácia e com o gasto de R$ 3 milhões, o município é investigado pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) e o Ministério Público do Paraná (MP-PR).
O município de Toledo não informou quanto foi gasto com a compra desses medicamentos.
Desde o começo da pandemia, mais de 50 medicamentos foram testados no mundo para tentar descobrir algo que pudesse ajudar os médicos no tratamento e na prevenção do novo coronavírus.
Vários testes foram feitos em laboratórios. No ambiente controlado, algumas destas drogas até se mostraram eficazes.
Entretanto, conforme os especialistas, quando estes medicamentos começaram a ser usados na prática, em pacientes com a Covid-19, os resultados não foram os mesmos.
Até o momento, a comunidade científica internacional não descobriu nenhum remédio que diminua os sintomas da doença, muito menos que ajude na prevenção do coronavírus.
O médico da Sociedade Brasileira de Infectologia Jaime Rocha alerta a população para a ineficácia desses medicamentos.
“Não existe ivermectina, hidroxicloroquina e várias outras tentativas que se mostraram frustradas e sem sucesso. Tentar usar esses medicamentos é fazer mau uso do dinheiro público e fazer lançar expectativas falsas para a população", disse.
Créditos: G1 - Por RPC Cascavel Foto: Reprodução