Estudantes paulistas de escola pública criaram uma alternativa sustentável a partir do cará, um tubérculo, para utensílios descartáveis feitos de plástico, resistentes ao tempo de decomposição na natureza.
Manuella Cristina Rodrigues Gonçalves e Mariana Caciatore Cardoso, as duas com 17 anos, alunas da Escola Técnica Estadual – Etec – Conselheiro Antonio Prado, de Campinas, SP, estavam inconformadas com a quantidade de lixo após uma festa com pratos, talheres e copos plásticos.
Depois de algumas pesquisas, elas desenvolveram um biopolímero a partir do amido extraído do cará-moela, espécie de tubérculo que nasce em uma planta trepadeira.
Como resultado, obtiveram um material com textura gelatinosa e estrutura semelhante aos produtos plastificados que se mostrou adequado para criar o projeto Bioutensílios.
Segundo as estudantes, a decomposição dos bioutensílios à base do vegetal ocorre em cerca de seis meses, enquanto o plástico pode demorar centenas de anos para desaparecer completamente do meio ambiente.
Com orientação da professora Martha Favaro, a proposta das estudantes do curso técnico de Meio Ambiente Integrado ao Ensino Médio, Manuella Cristina Rodrigues Gonçalves e Mariana Cachator Cardoso, ambas de 17 anos, foi apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no final do ano passado.
Em dezembro de 2020, o projeto foi premiado na 8ª Mostra de Ciências e Tecnologia do Instituto 3M, com o segundo lugar na categoria Ciências Exatas e da Terra.
Elas também estão entre os 19 finalistas do Centro Paula Souza – CPS – classificados para a 19ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), que será realizada em formato virtual, entre os dias 15 e 27 de março.
Cará-moela
Manuella conta que a escolha da matéria-prima ocorreu após a análise de outros estudos que apontavam a existência de uma grande concentração de amido no cará-moela.
“Além de possibilitar um alto rendimento, a planta se reproduz com facilidade e o nosso processo de produção é bem simples, permitindo a criação de um material mais sustentável e de valor competitivo para substituir o plástico”, explica
De acordo com a aluna, o projeto foi desenvolvido durante dois meses de pesquisas e testes sobre a viabilidade do material.
“Diante da pandemia, tivemos que nos adaptar para fazer os procedimentos laboratoriais dentro de casa.
Utilizamos vinagre no lugar dos ácidos, forno convencional em vez de estufa e liquidificador em substituição ao agitador magnético. Mesmo no improviso, conseguimos chegar a um modelo eficiente de prato biodegradável”, diz.
Para a orientadora do trabalho, o esforço da dupla representa o comprometimento dos estudantes da área de Meio Ambiente na busca por soluções que estimulem hábitos mais sustentáveis na população.
“O curso prepara cidadãos com um olhar crítico para a importância da preservação ambiental como forma de garantir o futuro das novas gerações”, afirma a professora Martha.
Créditos: Com informações do Governo de São Paulo