Casos confirmados de coronavírus (covid-19) entre professores e funcionários das escolas estaduais do Paraná obrigaram a rede pública a fechar pelo menos 55 escolas antes do primeiro dia de aulas presenciais, previsto para o dia 1º março. Na segunda-feira (22), as aulas on-line começaram para o ensino remoto. O ano letivo iniciou no dia 18 de fevereiro.
Após o retorno dos profissionais para as escolas, para a preparação pedagógica do retorno escolar, várias instituições fecharam as portas após registrarem casos de covid-19 entre funcionários.
Na região da capital, há escolas fechadas em Curitiba, Campo Largo, Araucária, São José dos Pinhais e Fazenda Rio Grande. O fechamento é para desinfecção e cumprimento de quarentena de duas semanas.
A situação preocupa o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), que relata situações em que diretores são obrigados a manter os colégios abertos mesmo com suspeitas de covid-19 entre seus funcionários.
Segundo a APP-Sindicato, o desejo dos profissionais da Educação é de que as aulas presenciais retornem no novo formato que vem sendo discutido durante a pandemia, com o ensino híbrido, mas a diretoria questiona se o momento atual, com o contágio de coronavírus em alta nas cidades do Paraná, incluindo Curitiba, é o melhor a se fazer. “O objetivo da retomada é compreensível, é importante, mas a rede estadual não demonstra ter condições de atender a todas as exigências sanitárias necessárias para um retorno presencial seguro”, argumenta a Nádia Brixner, diretora da APP-Sindicato.
Nádia diz que a preocupação com a saúde pública deveria ser o ponto principal a ser debatido. “Fala-se do prejuízo educacional, do aprendizado, mas neste momento de novo pico da pandemia, a saúde tem que estar em primeiro lugar, com a preservação da vida”, aponta a diretora.
Segundo ela, falta diálogo entre o governo estadual e a categoria. “Não nos ouvem. Inclusive, em março, ainda estamos com o fantasma da demissão de cerca de nove mil pessoas contratadas pelo Processo Seletivo Simplificado (PSS). As escolas ficarão carentes de funcionários para dar conta de tudo que precisa ser feito para o ensino híbrido ser seguro”, dispara.
A APP-Sindicato aponta problemas a serem enfrentados como equipamentos de proteção sanitárias insuficientes, como máscaras muito pequenas, racionamento de água por causa do rodízio da Sanepar, falta de bebedouros adequados para funcionários e alunos, substituição de lixeiras, salas de aula pequenas e com pouca ventilação, falta de internet e computadores e falta de pessoal para limpeza constante de banheiros.
“Cerca de 36% do quadro efetivo é composto de contratos PSS. Também, a maioria que fica é do grupo de risco que se encaixa na categoria de pessoas com mais idade. Nos parece impraticável manter a segurança sanitária adequada. Não dá para colocar um milhão de alunos em risco. Não dá para voltar agora”, ressalta Nádia.
Procurada, a Secretaria Estadual da Educação e do Esporte (Seed) disse em nota que o fechamento das escolas seguem a resolução número 98/2021, da Secretaria da Saúde (Sesa), que prevê a “possibilidade de cancelamento das atividades presenciais de forma parcial ou total, de uma turma ou mais e, eventualmente, de toda Instituição de Ensino, conforme orientação das autoridades sanitárias locais e regionais, na presença de casos suspeitos ou confirmados de covid-19 na comunidade escolar ou acadêmica”.
Créditos: Tribuna PR por Alex Silveira - Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo