14/10/2021
PARANÁ: Diretora melhora aprendizagem ao adotar a “pedagogia do aconchego”

Quando chegou ao Colégio Estadual Padre João Wislinski, em Curitiba, em 1998, Luci Mara Pereira era professora de Língua Portuguesa. No cotidiano escolar percebeu que muitos estudantes iam para a escola após o trabalho, geralmente como autônomos ou diaristas, e que chegavam cansados a um ambiente pouco acolhedor, o que trazia prejuízo para a aprendizagem.

Anos mais tarde, quando se tornou diretora da escola no bairro Santa Cândida, Luci resolveu torná-la um ambiente mais receptivo para esses alunos: promoveu a revitalização do colégio, trocando vidros, pintando as paredes pichadas, arborizando alguns espaços e mantendo todos os ambientes limpos.

 

 

“Fizemos tudo mobilizando a comunidade escolar. Os pais e os alunos ajudaram a pintar, a fazer a horta. É muito importante que eles sintam que fazem parte do processo porque, depois, ajudam a cuidar e manter os resultados”, conta Luci. Para ela, estudar em uma escola bem cuidada é um incentivo para o estudante. “É a pedagogia do aconchego, como eu chamo, do acolhimento. Tudo o que fizemos deu um retorno muito grande”, afirma.

A diretora atribui a essas melhorias o salto que o colégio teve no último Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Em 2017, a pontuação da escola no Ensino Médio era 3.1 e, em 2019, subiu para 4.7. Foi o segundo maior aumento entre as escolas em áreas de vulnerabilidade no Núcleo Regional de Educação de Curitiba.

A conquista foi reconhecida pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, por meio da entrega do certificado ouro ao colégio, no mês de agosto. “Ficamos muito felizes com o reconhecimento, pois vimos que as mudanças na estrutura e as ações sociais refletiram no desempenho pedagógico, que era o que a gente queria”, comenta Luci.

Além da revitalização, a escola também promove a arrecadação de cestas básicas, uniformes e calçados para os estudantes em situação de vulnerabilidade, muitos dos quais, segundo a diretora, filhos de mães solo que estão desempregadas.

“Vimos algumas crianças virem à escola de chinelo, neste frio, sem roupa adequada. Então, chamamos para uma salinha e deixamos o aluno escolher o calçado e a peça de uniforme do seu tamanho. Também damos muita atenção à merenda servida, porque uma criança com frio e mal alimentada não tem as condições mínimas para aprender”, diz. “Como professores, não podemos fechar os olhos para isso”.

SER EDUCADOR – Para Luci, ser educadora é mais do que uma profissão – é uma missão. “Nós lidamos com vidas diariamente. Precisamos ter um olhar diferente para cada criança e adolescente, pois todos merecem respeito e a oportunidade de aprender”, afirma. “E quando trabalhamos para isso e vemos o resultado é uma gratificação muito grande”.

DIA DO PROFESSOR – Esta é a primeira de três matérias em homenagem ao Dia do Professor, celebrado nesta sexta-feira (15). Nesta quinta e sexta, serão contadas duas outras histórias de professores inspiradores, que fizeram a diferença em suas comunidades escolares.

 

Créditos: Agência de Notícias do Paraná Foto: Renato Prospero/SEED

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