Como transformar a dor da perda de um filho em amor ao próximo! Foi isso que fez um casal em luto após Daniel, de 3 anos, falecer de leucemia, em julho deste ano. Os pais dele passaram a escrever e distribuir livros infantis para ajudar outros pequenos a enfrentarem a doença com mais alegria e força.
Thirzzia Guimarães e Leonardo Câmara contam que a intenção deles é diminuir a frieza do ambiente hospitalar e torná-lo “o mais divertido possível”. E a ideia vem dando certo.
A iniciativa já deu origem a dois livros: “A Zebrinha Zuma e o cateter – Uma História de Superação” e “Iel queria ser Herói”, ambos escritos por Leonardo.
Luta por todos
Leonardo conta que a ideia do casal de publicar livros para crianças com câncer veio da experiência que ele teve com Daniel durante a fase de internação.
Eles sentiam muita necessidade e, de certa forma, dificuldade de explicar tudo o que estava acontecendo para o próprio filho, durante o tratamento.
“Pensei em como seria mais fácil para outras crianças, se existisse alguma historinha para acalmá-las”, contou o pai.
O livro “A Zebrinha Zuma e o Cateter”, por exemplo, foi produzido quando o casal teve que explicar a Daniel, que à época só tinha 1 ano e 8 meses, porque ele precisava usar um cateter.
“Meu filho acordou com aquilo no corpinho dele e, depois de um tempo, me perguntou o que era. E a gente ficou naquela, pensando em como explicar isso para uma criança tão pequena, como fazer ele entender. Filho, você vai usar isso para receber um remedinho”, lembrou Leonardo.
Mais amor para os pequenos
Os pais pensavam sobre como o ambiente hospitalar é “frio para as crianças” e fizeram de tudo para tornar a experiência mais lúdica para Daniel.
“Ele passou quase dois anos em tratamento, a vida quase toda em hospitais. E a gente conseguiu fazer o ambiente se tornar agradável pra ele. Eu fazia cabaninha com cobertor na cama, ele passeava pelos corredores do hospital em um carrinho. Ele chegou até a perguntar, em um fim de semana, se era de dia de ir ao hospital porque, apesar do tratamento, ele também se divertia lá”, lembra o pai.
Seguindo em frente
Leonardo sabe que a dor da perda do filho é “eterna”. No entanto, o casal continua atuando na causa contra o câncer infantil, levantando campanhas de doação de medula e com a distribuição dos livros para outros pacientes da doença.
“Depois que o Daniel se foi, eu tive a ideia do segundo livro, que é ‘Iel queria ser herói’. Eu pensei nessa história depois que ele precisou fazer uma ressonância magnética e ficou assustado, dizendo que não queria fazer o exame da ‘máquina de túnel’. Eu tive que explicar pra ele, acalmá-lo, convencê-lo de que era necessário fazer o exame”, conta Leonardo.
Agora, o casal quer distribuir mais livros para crianças com câncer. A meta deles é chegar aos 4 mil exemplares dos livros infantis para famílias que têm crianças com câncer, em todo o país.
Os livros estão disponíveis em versão online, gratuitamente, pela página do projeto (clique aqui).
Créditos: Monique de Carvalho com informações do R7