O primeiro Carnaval desde o início da pandemia reuniu milhares de pessoas pelas ruas de todo o país. A aglomeração da festa trouxe à tona questionamentos sobre a possibilidade de uma nova onda de casos, mortes e variantes do vírus. Porém, para Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), a festividade não seria a responsável por eventuais ocorrências posteriores.
"Talvez, a maior lição aprendida com o Covid-19, é que uma nova onda é resultado da combinação de alguns fatores relacionados ao distanciamento e medidas não farmacológicas, falta de uso de máscaras e resultado, também, de uma cobertura vacinal maior ou menor, assim como o quão recente foi a última vacinação em massa do país", alega o médico.
Assim, para o ocorrimento de uma nova onda, não bastaria o aparecimento de uma nova variante, precisando da combinação dos fatores para tal. Ainda, o vice-presidente da SBIm afirma que, ao longo de todo esse tempo, inúmeras subvariantes circularam, mas não se estabaleceram em novas ondas, além de outros tipos de aglomerações, como a Copa do Mundo e Réveillon, que não se traduziram em novos casos e transmissões significativas.
Kfouri explica que, quanto mais distante uma vacinação da outra, maior é a perda da proteção e, assim, aumenta o risco de uma nova onda, assim como o surgimento de uma nova variante. Ele ressalta que, em casos de novas variantes e, consequentemente, novas ondas de contágio, quando há uma ampla cobertura vacinal da população, menores são os impactos subsequentes, sejam de duração, quantidade ou gravidade.
Ele completa que, mesmo com o surgimento de novas variantes, quando há esse encontro com a imunização em massa, menores são as chances de "vingar".
O especialista continua, afirmando que a variante prevalente em circulação é a ômicron, desde novembro de 2021 e, com o início da campanha de vacinação com imunizantes bivalentes, haverá a oferta de proteção mais ampla.
"Podemos ter, sim, o surgimento de novas ondas mas, com cada vez menor magnitude e gravidade. Ela [a doença] pode continuar a vitimar pessoas com menor resposta imune, como os imunocomprometidos, idosos, ou pessoas com doenças de base. Dessa forma, além da vacinação mais frequente, ainda haverá a necessidade da adoção de outras estratégias antivirais, de modo a proteger essa parcela da população", diz o médico da SBIm.
Kfouri finaliza, lembrando que a necessidade do uso de máscaras se faz presente como estratégia de proteção, principalmente aos grupos mais vulneráveis em momentos de menor transmissão, não havendo a demanda de uso universal da ferramenta.
Créditos: SAÚDE | Do R7 - Foto: FERNANDO MAIA / RIOTUR