Faz quase uma semana que um carrinho de sorvete foi colocado no centro de Brusque (SC) para que o próprio cliente retire seu picolé e pague o valor de R$ 1 com uma moeda ou Pix — sem nenhum vendedor para intermediar a transação. A iniciativa, chamada de “Confiança no Palito”, foi promovida pelo empreendedor Max Alves de Moraes, 34 anos, fundador da Qmay Sorvetes, que tem duas unidades na região e fornece para mais de 100 estabelecimentos.
O empreendedor afirma que ainda não teve prejuízo com a ação, e que a aceitação tem sido bem maior do que ele estimava. “A expectativa era de vender 100 a 150 picolés por dia, mas tem sido muito maior do que eu esperava, com picos de 900 a 950”, afirma. De acordo com ele, os próprios clientes mandam mensagem para a loja notificando quando há necessidade de reposição de itens. O carrinho é reabastecido cerca de seis vezes ao dia.
“Queremos mostrar que há algo de bom no nosso país, o lado bom que o brasileiro tem. O motivo da nossa campanha é mostrar que o país tem jeito”, afirma o empreendedor.
A Qmay já tinha uma iniciativa comercial semelhante em duas empresas da região: os freezers ficam à disposição para que os próprios funcionários retirem os picolés e façam o pagamento. Ao perceber os bons resultados, Moraes resolveu levar a ideia para o espaço público, como forma de mostrar que a cidade em que vive "é segura, e que é possível replicar isso em todo o país". Um estudo do Ipea e do Fórum de Segurança Pública de 2017 apontou a cidade catarinense como a mais segura do país, na ocasião.
“É uma ação social, não temos previsão de faturamento com isso”, afirma. Ele ainda adianta que pode investir para colocar mais freezers em outros pontos da cidade neste ano.
O carrinho da Qmay que agora está na região central já foi alocado em outros dois pontos da cidade, e a recepção sempre é positiva, de acordo com o empreendedor.
Alguns outros “testes de honestidade” já foram promovidos por empresas brasileiras. Em 2016, uma sorveteria de Santos (SP) colocou um freezer do lado de fora e permitiu que os clientes retirassem os picolés e pagassem o valor cobrado. No entanto, a empreendedora responsável pela ação não teve tanta sorte, e acabou registrando 16% de prejuízo.
Negócio nasceu por necessidade e faturou R$ 1,5 milhão em 2022
Moraes fundou a Qmay em 2017, por necessidade. Ele era motorista de caminhão e teve sua licença para conduzir cassada após se envolver em um acidente. Dessa forma, precisou cumprir uma pena e passou a vender sorvetes em carrinhos pela cidade. Com os bons resultados, abriu a primeira unidade física em dezembro daquele ano.
Atualmente, ele tem duas lojas e uma fábrica própria, que produz os sorvetes para as vendas nas lojas e nos parceiros. “Tem duas sorveterias aqui que são abastecidas por nós também.” O faturamento do negócio no ano passado foi de R$ 1,5 milhão. Desde o início a sorveteria trabalha com produção própria.
Os picolés correspondem a 70% do faturamento da marca, e custam entre R$ 1,50 no atacado a R$ 1,75 no varejo. A Qmay também tem opções de sorvete de massa e sundaes, que passaram a compor o portfólio em 2020.
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