No interior de Prudentópolis, na região central do Paraná, a vida simples e o trabalho árduo na agricultura são registrados diariamente nas redes sociais pela Fabiana Gegin, de 19 anos, conhecida como "Fatha, a Colona".
"A gente posta o vídeo lá e vai trabalhar, fazer uma coisa e outra, mas a gente fica louca de faceira", relatou.
Com um celular na mão e muito bom humor, ela compartilha, desde outubro de 2021, com mais de 700 mil seguidores, a rotina de trabalho e lazer ao lado de familiares e amigos na comunidade de Água Fria, cerca de 26 km do centro da cidade.
"Começou bem do nada, na brincadeira. Sempre que ia fazer um serviço com a mãe ou outra coisa, eu gravava só uns pedaços, né? Aí, um dia, com a mãe, a gente foi plantar batatinha e gravei mais. Daí, cheguei em casa e editei o vídeo", lembrou a jovem agricultora.
Em seguida, ela criou a conta na rede social TikTok e postou o vídeo. No começo a mãe, Analete Gegin, conhecida como Lete, não gostou da ideia, mas depois acostumou, disse Fabiana.
Ainda de acordo com a jovem, os três primeiros vídeos não tiveram muitos acessos.
O responsável pelo início desta trajetória de Fabiana nas redes sociais foi o quarto vídeo, onde ela fala do azar com a falta de chuva na plantação de batata doce. Atualmente o vídeo tem mais de 1,7 milhão de visualizações.
Com um sotaque forte que denuncia as raízes paranaenses, ela e a mãe se divertem e mostram ao público curiosidades da vida na roça, receitas de família e eventos que participam na comunidade.
"Eu não gosto muito de aparecer, mas depois foi, fazer o que, né?", riu Analete.
A família de Fabiana é descendente de Ucranianos, Holandeses e Poloneses e, por isso, segue algumas tradições que aprenderam com os antepassados e também compartilham com os seguidores.
"Na Páscoa a gente benze as cestas, pinta ovos e outras coisas. Eu aprendi com a minha mãe, estou preservando e passando pras filhas", contou a mãe de Fabiana.
Vida na agricultura
A família Gegin vive com o cultivo de soja, milho, feijão e trigo. São com estes alimentos que vendem e tiram o próprio sustento.
Mas a família também possui animais para consumo próprio, onde tiram leite das vacas, carne do gado e ovos da galinha.
As duas acordam cedo, tomam café da manhã com o pai e a irmã de Fabiana. Quando precisam ficar na lavoura o dia todo, Analete fica em casa preparando o almoço e cuidando dos serviços do lar.
Mas depois de tantos acessos, Fabiana recebe um valor por meio das plataformas digitais e também com algumas parcerias de divulgação.
"Mas eu não planejo largar a agricultura, eu gosto de estar ali trabalhando. Para mim o vídeo se tornou uma renda extra. Também se eu não estiver ali na roça não tem vídeo", disse.
Depois de terminar o Ensino Médio, Fabiana optou por não fazer faculdade, mas mãe ainda insiste em ver a filha cursando agronomia.
'Eu cá mãe'
Um dos bordões da Fatha surgiu de um frase despretensiosa onde, ao falar que estava na companhia da mãe, dizia: "Eu cá mãe".
"Eles gostam de ver assim, eu acho, a simplicidade, até as dificuldades, porque a gente mostra o que é mesmo. Não tem filtro pra isso, é a realidade da família, isso que chama atenção", contou Fatha.
Além disso, há comentários nas publicações de pessoas de todos os cantos do Brasil que elogiam os vídeos e falam que adoram ouvir o sotaque delas.
São tantos comentários que Fabiana disse que gostaria de responder um por um, mas não sobra tempo.
Fabiana tem muito orgulho da maneira que é, não sente vergonha em exibir as roupas sujas na lavoura, o sotaque e tudo que faz, mesmo quando lê comentários maldosos.
A agricultora ainda incentiva as pessoas que desejam criar conteúdo nas redes sociais que façam algo sincero e sem vergonha de mostrar a realidade.
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Créditos: G1PR