Em visita a Cascavel na última quinta-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro se manifestou favorável a reabertura da antiga Estrada do Colono, dentro do Parque Nacional do Iguaçu, entre os municípios de Medianeira e Capanema. A estrada foi fechada definitivamente em 2001, após várias decisões judiciais. Em 2010, o projeto de reabertura do então deputado federal Assis do Couto, foi desarquivada pelo senador Álvaro Dias. O projeto não andou no Congresso Nacional.
Em abril deste ano, um novo projeto de criação de uma estrada-parque, dessa vez apresentada pelo deputado federal Nelsi Cogueto Maria (Vermelho), entrou em votação e foi aprovada na Comissão de Viação e Transportes da Câmara.
Com 17,6 km de extensão, caso reaberta, a distância entre Medianeira e Capanema diminuiria dos atuais 170 km para 58 km.
Em entrevista, o chefe do Parque Nacional do Iguaçu, Ivan Carlos Baptiston, afirmou ser contra a reabertura, lembrando que o parque é uma pequena amostra do que ainda resta da Mata Atlântica. “A questão da estrada é extremamente polêmica e antiga. A gente tem que se reportar a todo um histórico, não só da estrada, mas do Parque Nacional do Iguaçu. Existe um processo democrático de direito, então vamos seguir as questões legais. A minha posição e a aposição institucional do Parque Nacional do Iguaçu é contrária”, disse Baptiston, que é funcionário de carreira do Ibama.
Para o chefe da área de proteção ambiental, a reabertura causaria prejuízo as cidades envolvidos. “Estamos construindo toda uma agenda de desenvolvimento de turismo e essa estrada vai trazer muito mais problemas, coisas negativas, principalmente a Capanema e Serranópolis do Iguaçu, do que benefícios. A gente vai ter que errar, para depois ver os erros lá na frente, só que talvez possa ser tarde para voltar atrás”, disse.
Ivan Baptiston também mostrou preocupação com o título de Patrimônio Natural da Humanidade concedido ao Parque Nacional do Iguaçu pela Unesco, em 1986. “É um parque nacional, um sítio do patrimônio natural mundial acolhido pela Unesco. A abertura poem em risco inclusive esse reconhecimento pelas Nações Unidas. Temos ainda um restinho, uma pequena amostra de Mata Atlântica existente em nosso estado e país. O pouco que resta a gente coloca em risco, em ameaça”, concluiu.
Créditos: Mega News/Cultura de Foz