Uma comissão criada no início do ano para rediscutir a abertura da Estrada do Colono, que liga as regiões oeste e sudoeste do Paraná, acredita que isso ocorra ainda neste ano.
Há pouco menos de duas semanas, em visita à região, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o percurso de 17,3 quilômetros que marcou a colonização dessas duas regiões, cortando ao meio o Parque Nacional do Iguaçu, será reaberta e que até já determinou ao Ministério do Meio Ambiente que faça essa tramitação.
Do lado do Executivo a medida já caminha e no Legislativo ela começou a andar ainda no início deste ano. O membro da comissão e vice-prefeito de Capanema, Milton Kafer, explica que o projeto que prevê a reabertura, que havia ficado parado por duas legislaturas no Senado, foi desarquivado no início do ano. Apesar de ele não ser submetido à votação no plenário da Casa, o documento precisa do aval das comissões competentes para só então seguir para sanção presidencial. “Já nos reunimos com os três senadores do Paraná [Alvaro Dias, Flávio Arns e Oriovisto Guimarães]. Todos são favoráveis à reabertura e prometeram contribuir para que a pauta caminhe no Senado. Então estamos nessa expectativa”, revela.
Cabo de guerra
Fechada pela última vez há quase 20 anos, a proposta da reabertura da estrada, que virou um verdadeiro cabo de guerra entre favoráveis e contrários, é pelo resgate histórico, pela utilização consciente da estrutura como referência turística e para reestabelecer o direito de ir e vir. “A ideia é de as pessoas de bem utilizarem o parque, a estrada. Hoje quem faz uso dela é quem extrai palmito de forma ilegal e os caçadores. Queremos que a população possa utilizá-la e nos auxilie nos cuidados dela. A proposta é para que seja usada de forma sustentável”, destacou, ao lembrar que a proposta original é não liberar o fluxo de cargas vivas, perigosas e que a estrada fique fechada à noite.
A perspectiva é para que os municípios por onde o percurso passe também seja contemplado com recursos públicos, tanto de fomento ao turismo, quanto da preservação ambiental. “Hoje o Parque é tombado como patrimônio cultural [incluindo o trecho que compreende a Estrada do Colono], mas os municípios não recebem recursos para isso. Com a reabertura, isso será possível. Volto a reforçar: a ideia é preservar e dar a oportunidade de as pessoas conhecerem, utilizarem desse importante caminho para as duas regiões”, destacou.
Detalhes sobre a Estrada
Localizado no primeiro trecho da PR-467 ligando as regiões oeste e sudoeste do Paraná, os 17,6 km desta rodovia são conhecidos pela Estrada do Colono, um antigo caminho que foi transformado em estrada por volta de 1950. Décadas mais tarde, começou a haver pressão de grupos ambientalistas para o fechamento da Estrada, que corta ao meio o Parque Nacional do Iguaçu, uma área de preservação ambiental permanente. O Ministério Público Federal obteve o fechamento da Estrada do Colono em 1986, porém ocorreu uma reabertura em 1997, até que, em 2001, uma ação envolvendo o Exército Brasileiro, a Polícia Federal e o IBAMA deu cumprimento à ordem judicial que resultou no fechamento da Estrada que segue até hoje.
Com o fechamento da Estrada, a distância rodoviária entre as cidades de Medianeira e Capanema, por exemplo, aumentou de 58 km para mais de 170 km (utilizando-se as rodovias BR-277, PR-182 e PR-582).
Desde seu fechamento, a disputa pela reabertura e inutilização da estrada tem sido acirrada. De um lado ambientalistas alertando para as ameaças que sua utilização podem trazer ao parque e à preservação ambiental, de outro líderes públicos e camadas da sociedade civil dizendo que a reutilização vai manter a preservação, tendo em vista que sua utilização será feita com consciência ambiental.
Créditos: O Paraná