Kamila Oliveira de Carvalho tinha apenas 15 anos e estava gestante de cerca de cinco meses quando faleceu no HUOP, em Cascavel por um problema respiratório, no final de abril deste ano. Não era um caso de gravidez na adolescência. A menina, que era filha exemplar, boa aluna e sonhava ser veterinária, foi vítima de estupro e acusado é o próprio padrasto, com quem a mãe vivia há 12 anos.
O homem só foi preso esta semana depois que um exame de DNA confirmou que o bebê que ela esperava era de fato do padrasto de 42 anos. A mãe, Solange Ferreira de Oliveira, conversou com a CGN relatando como tudo ocorreu. O bárbaro abuso pode sim ocorrer dentro de casa. É preciso falar sobre isso.
A família morava e trabalhava em uma fazenda em Diamante do Sul. Solange conta que o filho mais novo dela, de 2 anos, passou mal e ela aproveitou para levar a filha junto pois e menina estava com tosse. Quando foi avaliar a garota o médico disse que não poderia medicá-la porque ela estava no quinto mês de gestação.
“Foi um choque porque ela não tinha barriga, não tinha namorado e nunca nem saía de casa”. Depois, conversando, a jovem contou que em novembro foi estuprada duas vezes pelo padastro, “eu trabalhava fora e o meu filho de 9 anos estudava de manhã. Ela ficava em casa cuidando do irmão menor e falou que ele foi até a cama dela e fez aquilo mesmo contra a vontade dela”.
A jovem ficou com medo de contar e desestabilizar a família. Se o casal se separasse ela sabe que mãe e irmãos teriam que deixar a fazenda onde a jovem gostava de morar. O medo fez ela se calar.
Em poucos dias a tosse se agravou. A jovem foi internada primeiro no hospital de Guaraniaçu e depois trazida ao HU de Cascavel. Com diagnóstico de pneumonia e infecção, a jovem faleceu na UTI.
Antes da morte da menina, Solange chegou a confrontar os dois, colocando-os frente a frente.
“Ele chegou a acusar outras três pessoas dizendo que eles é que seriam o pai. Depois disse para esperar a criança nascer e que se fosse provado que ele era o pai assumiria, aí ele já confessou né".
O homem até tentou ir no velório da menina, mas foi proibido pela família. "Se Deus quiser ele vai ficar muitos anos preso”.
Olhando para a história da família, só tem um ponto que Solange acredita que poderia ter levado a desconfiar.
“A única coisa é que ele dava muitos presentes para ela, mais do que para o filho dele. Quando eu questionava isso ele dizia que queria cuidar bem dela, já que a assumiu como filha quando ela tinha só três anos”.
Solange orienta as mães que conversem com os filhos e desconfiem sempre .
“O que eu falo para as mulheres que tem filha mulher é para tomar cuidado em quem coloca dentro de casa. Ele era um bom pai, não imaginei o que tinha acontecido. O que eu passei é muito sofrimento”.
O homem está detido em Cascavel. O inquérito policial já foi concluído e o caso está com o Ministério Público para a responsabilização criminal.
Outros casos
O principal telefone para denúncias é o Disque 100. Jovens que passem por situações semelhantes também podem se abrir com professores ou outras pessoas de confiança para que as providências sejam tomadas.
Créditos: CGN - Por Mariana Lioto