22/01/2020
Coronavírus: o que se sabe até agora?

Em dezembro do ano passado, uma pneumonia de causa desconhecida começou a se espalhar por Wuhan, megalópole da região central da China. Desde então, a doença misteriosa fez 17 vítimas e infectou, ao todo, 473 pessoas em vários países.

Autoridades de todo o mundo estão preocupadas com o alastramento do que foi identificado como uma nova cepa de coronavírus — tipo de vírus que foi responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers).

Os casos foram registrados em Taiwan, Hong Kong, Tailândia, Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos. Um caso suspeito foi identificado no México. Aeroportos como o de Sydney (Austrália) e o de Heathrow, em Londres (Reino Unido) instalaram áreas de desembarque exclusivas para voos vindos de regiões afetadas pela doença.

 

 

Na China, quase 1,4 mil pessoas estão sob observação. Em caráter emergencial, a Organização Mundial de Saúde (OMS) se reúne nesta quarta-feira em Genebra, na Suíca, e cogita decretar "emergência de saúde pública de interesse internacional", como aconteceu com a gripe H1N1, em 2009, o vírus Zika, em 2016, e a febre Ebola, que devastou parte da África ocidental de 2014 a 2016.

Confira algumas perguntas e respostas sobre o coronavírus.

O que é o coronavírus?
Nomeado a partir de sua forma circular, o coronavírus (CoV) é uma ampla família de vírus à qual pertencem as cepas que causaram, por exemplo, a Sars e a Mers. Já se sabe que a pneumonia misteriosa é causada por uma nova cepa que os cientistas ainda não conheciam, identificado como 2019-nCoV.

Via de regra, os sintomas de um coronavírus são nariz entupido, tosse, garganta inflamada, mal estar, febre e dor de cabeça. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, a maior parte das pessoas contrai algum tipo de coronavírus durante a vida, e tende a se curar em poucos dias.

Mas algumas variantes do coronavírus podem afetar gravemente o sistema respiratório, causando pneumonia, sobretudo em indivíduos muito novos ou muito velhos, em portadores de doenças cardiopulmonares ou em pessoas com sistema imunológico debilitado. Tudo indica que este é o caso do coronavírus 2019-nCoV.

Sete dos tipos conhecidos de coronavírus podem infectar pessoas — o 2019-nCoV é um deles. Outro exemplo da categoria foi a Sars, que matou 774 pessoas e infectou pouco mais de 8 mil, em uma epidemia que começou na China em 2002.

 

Para Edimilson Migowski, professor de infectologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o novo coronavírus tem se mostrado "muito agressivo e virulento, mas por outro lado é bom porque ao matar (o vírus) se dissemina menos".

— Quando é assim, o paciente rapidamente é internado, fazendo com que o impacto de disseminação seja menor do que uma infecção comum — explica.

Como acontece a transmissão?
O coronavírus, em geral, é transmitido pelo ar, por meio de grandes gotículas expelidas na respiração, ou por contato direto ou indireto com secreções. Como o 2019-nCoV foi descoberto recentemente, é impossível detalhar sua rota de transmissão.

— É um vírus que se mantém viável no ambiente em superfícies molhadas por dias. Uma pessoa pode se contaminar por contato respiratório, utensílios contaminados. Transmissão por via aérea é sempre preocupante. Mas o vírus não vai pular da maçaneta para sua boca, por isso é importante redobrar cuidados com as mãos. Água e sabão resolvem.

Sabe-se que o coronavírus costuma ser contraído por seres humanos pelo contato com outras espécies. A Sars, por exemplo, veio da civeta (ou gato-de-agália, espécie aparentada do guaxinim), animal então consumido na China como iguaria.

A Mers, que dizimou 858 dos 2.494 pacientes diagnosticados desde 2012, veio dos dromedários, que chegaram a ser cogitados como possíveis transmissores do vírus para os seres humanos, embora nada tenha sido confirmado até agora.

Um mercado de frutos do mar em Wuhan está no centro das suspeitas sobre a origem da doença. Embora alguns animais marinhos possam hospedar o vírus, é mais provável que ele tenha vindo de algum animal comercializado vivo, como galinha, cobra, morcego, cobra ou coelho.

Quais as chances de o vírus chegar ao Brasil?
Um caso suspeito de coronavírus foi identificado na tarde desta quarta-feira em Belo Horizonte. Uma mulher de 35 anos que passou por Xangai foi internada com sintomas respiratórios da infecção, de acordo com a Secretaria estadual de Saúde de Minas Gerais. O órgão fez questão de ressaltar, porém, que o caso é tratado ainda como suspeita, e que o quadro da paciente não é grave. Além disso, ela disse às autoridades que não esteve em Wuhan.

Oficialmente, o Ministério da Saúde não registrou nenhum caso de 2019-nCoV no Brasil até agora. Mas o vírus já chegou ao continente americano. Foi confirmado ontem o primeiro caso da doença nos Estados Unidos. Nesta quarta-feira, o México também informou que observa uma suspeita de 2019-nCoV.

Ainda não se sabe dimensionar a facilidade de contágio do vírus. No entanto, a maior parte das transmissões foi registrada nas últimas horas. O número de mortes registradas por causa da doença pulou de 6 para 17 em um dia.

Como prevenir o coronavírus?
Até agora, as formas mais letais dos coronavírus não têm vacina nem cura. No entanto, ações básicas podem prevenir qualquer infecção contagiosa que possa ser transmitida pelo ar ou pelo contato.

Segundo o portal do Ministério da Saúde, são recomendáveis: "frequente lavagem e higienização das mãos, principalmente antes de consumir algum alimento; utilizar lenço descartável para higiene nasal; cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir; evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca; higienizar as mãos após tossir ou espirrar; não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas; manter os ambientes bem ventilados; e evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de infecção respiratória".

— O que as pessoas sempre podem fazer é redobrar o cuidado com higiene das mãos. Estudos mostram que o brasileiro toma muito banho, mas lava pouco as mãos. Em 2009, na ocasião da gripe suína, antes mesmo de a doença chegar ao Brasil, houve alarme grande para manter higiene das mãos. E naquele ano os laboratórios que vendiam produtos para diarreia, gripe e outras doenças não bateram as metas porque houve intensificação da higiene das mãos — informa Edimilson Migowski.

Créditos: Agência O Globo - Imagens: Divulgação

Compartilhe com seus amigos!

Veja as últimas notícias abaixo

PUBLICIDADE
no2
no9