O adolescente que teve o braço direito amputado após ser atacado por um tigre em 2014, no Zoológico Municipal de Cascavel, no oeste do Paraná. O acidente aconteceu quando Vrajamany passeava com o pai Marcos do Carmo Rocha. Como responsável pela criança, o pai chegou a ser condenado pela Justiça, em novembro de 2019, mas recorre da decisão.
“Muitas pessoas já me disseram que eu as incentivei a começar a nadar, que elas me viram na TV e viram que era possível. Eu acho isso ótimo, porque quero motivar outras pessoas, mostrar que é preciso seguir com a vida.”
Exemplo de inclusão
O caso de Vrajamany teve repercussão nacional quando as imagens de turistas, que estavam no zoológico, foram divulgadas. O ataque do animal de 200 quilos poderia causar a morte do adolescente, mas por poucos centímetros a mordida não alcançou artérias importantes.
O jovem relembra o acidente e diz que não sente falta do braço, que aprendeu a fazer tudo com o outro. A história trouxe lições e tornou o adolescente um exemplo para muita gente.
“Vejo que essa exposição ajudou até aquelas pessoas com deficiência que não praticam a natação. Alguns deles me disseram que saíram de casa porque me viram tratando a situação com normalidade. Eles me contaram que tinham medo de sair de casa e serem rejeitados. Eu nunca fiz isso. Gosto de incentivar outras pessoas a verem que somos normais.”
Resiliência e a pandemia
Desde 2018, Vrajamany treina no Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo (SP). Mas por causa da pandemia do novo coronavírus, os treinos de natação foram suspensos, e a preparação do atleta precisou ser adaptada.
A rotina de exercícios passou a ser feita dentro de casa, na cidade de São Paulo. Ele explica que a mudança não é fácil, mas continua se empenhando para manter o corpo ativo.
De acordo com a psicóloga Ana Flávia Inocêncio Camargo, a pandemia pode ensinar várias lições. Atualmente, muitas pessoas estão aprendendo a ressignificar os momentos nesse período de adaptações.
"Tudo depende da forma como eu olho para aquilo. A mesma situação pode ser para uma pessoa uma fonte de motivação e para outra pessoa pode ser devastadora."
A psicóloga explica que mesmo nos momentos difíceis é possível fazer algo, desde que a pessoa não olhe apenas para o lado negativo da situação.
O adolescente mostrou essa atitude otimista na prática, ao buscar motivações após o acidente. Agora, na pandemia, não foi diferente.
“Desde o momento do acidente a minha mentalidade foi a de me adaptar a atual condição, a de fazer tudo com uma mão só. Não tive prejuízo, não chorei. O que aconteceu foi uma fatalidade, então segui em frente."
Ele espera que em breve tudo volte ao normal e os calendários das competições sejam retomados. Enquanto isso, posta nas redes sociais a série de exercícios diários.
Sonho com as Paralimpíadas
O adolescente foi quatro vezes vice-campeão brasileiro e vice-campeão no Open Internacional de 2019. Determinado e dedicado, ele continua focado nos treinos para evoluir na carreira de paratleta.
Em 2020, ele fará o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e pretende fazer biogeografia.
A decisão pela graduação ainda pode mudar, mas ele sabe bem é o que quer para um futuro próximo:
“Eu quero representar o Brasil nas Paralimpíadas. Pretendo me destacar nas provas dos 100 metros borboleta e nos 200 metros medley."
Créditos: G1 PR- (Foto: Vrajamany Fernandes Rocha/Arquivo pessoal)