Atualizado em 07/11/2020
Joe Biden é eleito presidente dos Estados Unidos; o mais votado da história

O democrata venceu a eleição na Pensilvânia e atingiu 273 votos no colégio eleitoral, três a mais que o necessário para garantir a maioria.

Na tarde de terça-feira, o presidente Donald Trump liderava no estado por cerca de 700.000 votos. Com a contagem dos votos pelo correio, que é mais lenta que a dos votos tradicionais, Biden foi aos poucos se aproximando de Trump.

 


A virada se confirmou por volta das 9h locais (11h de Brasília) de sexta-feira, mas só mais de 24 horas depois, na manhã deste sábado, as emissoras projetaram que o resultado não poderia mais ser revertido.
Trump já indicou que não vai aceitar o resultado da eleição. Num pronunciamento na noite de quinta na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos levantou dúvidas sobre a lisura da eleição e apontou a existência de um complô para impedir sua vitória, sem apresentar nenhum indício concreto.
Os advogados do Partido Republicano entraram com diversas ações na justiça para contestar vitórias de Biden em estados-chave como Michigan, Geórgia, Nevada e Pensilvânia. Trump afirmou que haverá um “litígio tremendo”.

Mas os analistas consideram as chances de uma mudança do resultado no mínimo improvável, e várias das tentativas de interromper a apuração já foram rejeitadas por falta de mérito.

Em 20 de janeiro, Joseph Robinette Biden, 77, deve tomar posse como o 46º presidente dos Estados Unidos. Kamala Harris, 56 anos, será a vice-presidente, a primeira mulher e a primeira representante de minorias a ocupar o cargo – sua mãe é indiana, e seu pai, jamaicano.

Um país ainda dividido

Muitos democratas esperavam uma rejeição incontestável aos quatro anos do governo de Donald Trump. Ela não veio. A chapa Biden-Harris atingiu a maior votação popular da história dos Estados Unidos, 73,8 milhões de votos (50,5%). Mas Donald Trump e Mike Pence receberam 69,7 milhões de votos (47,7%). (A apuração ainda não foi finalizada.)


Da longa lista de argumentos contra um segundo mandato de Trump, nenhum parecia mais impactante que o fracasso no combate à pandemia. Mais de 9,6 milhões de americanos contraíram covid-19 e quase 235.000 morreram.

Os EUA sofrem ainda com uma segunda onda da doença, que avança por cada vez mais estados. O país bateu o recorde de casos pelo segundo dia consecutivo, com 120.000 novas infecções registradas na quinta-feira.


Ainda em fevereiro, Trump mentiu sobre a gravidade do problema, ignorou os especialistas e até o último dia da campanha afirmava que o país estava “dobrando a curva”.

Mas os eleitores americanos ouvidos nas pesquisas de boca-de-urna afirmaram estar mais preocupados com a economia. Trump repetiu à exaustão que Biden paralisaria o país de novo – o que é mentira, mas parece ter influenciado uma parcela considerável do eleitorado.
 
A questão da justiça racial, outro tema importante da eleição, também indica o nível de polarização do país que Biden vai liderar.

Trump usou a divisão como arma política e ignorou deliberadamente as oportunidades de oferecer palavras de conciliação quando elas lhe foram apresentadas.

Durante os protestos que chacoalharam os EUA em junho após o assassinato de George Floyd no Minnesota, o presidente optou por condenar atos isolados de vandalismo e falou em lei e ordem. Sobre os assassinatos de negros pelas mãos da política que motivaram os protestos, Trump não falou quase nada.

Mas 18% dos homens negros votaram em Trump, segundo um levantamento da Edison Research. Entre os eleitores de origem latina, o percentual foi ainda mais expressivo: 36% preferiram o republicano.
 
No discurso em que lançou sua candidatura à presidência, em 2015, Trump disse que os mexicanos que entram no país são “estupradores e criminosos”.

Donald Trump foi derrotado nas urnas, mas por pouco. O trumpismo deve sobreviver. Unir um país divido quase ao meio, como mostra a contagem dos votos, será um dos maiores desafios de Joe Biden.

Também não está certo que Biden vá contar com maioria no Senado – tudo deve depender de ficar com duas vagas em disputa na Geórgia. Se os republicanos mantiverem o controle da casa, o futuro presidente vai ficar com as mãos amarradas — sua capacidade de colocar em prática suas promessas mais ambiciosas, como um enorme pacote de investimentos em infraestrutura, estará seriamente comprometida.

A aprovação de uma nova rodada de estímulo econômico também é incerta. Sob controle dos republicanos, o Senado vem há meses obstruindo os planos de injetar mais dinheiro na economia.

Apesar dos números otimistas de crescimento do PIB no trimestre mais recente, ainda há 11,1 milhões de americanos desempregados, segundo dados divulgados hoje pelo Departamento do Trabalho. A pandemia segue fora de controle às vésperas do inverno, e novas medidas de restrição não podem ser descartadas.

Batalha judicial
Apesar da vitória de Biden, os próximos dias ainda serão uma incógnita. Para impedir a confirmação do democrata, os advogados do presidente devem continuar recorrendo à justiça.

No Twitter, Trump disse nos últimos dias que levaria o caso à Suprema Corte e questionou a votação em diversos estados.
 
Os estados precisam primeiro oficializar os resultados, uma etapa do processo que pode ser atrasada pelas contestações. Pelo calendário oficial, os representantes do colégio eleitoral expressam seus votos em seus respectivos estados no dia 14 de dezembro. Até lá, o resultado da eleição deve ainda ser tema de intenso debate caso Trump vá em frente em seguir questionando a votação na justiça.

 

Créditos: EXAME.COM - (Foto: Página Oficial de Campanha)

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