O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta sexta-feira (15) em suas redes sociais que “todos os meios foram disponibilizados” para atender a população do Amazonas, que enfrenta um colapso no sistema de saúde, com recorde de casos de Covid-19 e hospitais sem oxigênio para tratar pacientes.
“Como relatamos na live de ontem [quinta-feira]: transporte de oxigênio, transferência de pacientes para hospitais federais da região, etc”, escreveu Bolsonaro em sua conta no Facebook, ao listar as medidas do governo federal.
Ele destacou ainda o fato de o próprio ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ter passado três dias em Manaus nesta semana. A publicação foi acompanhada de uma imagem que mostra o valor transferido do governo federal para o estado do Amazonas e seus municípios: R$ 8,91 bilhões, segundo dados do Portal da Transparência.
Durante a transmissão ao vivo na rede social citada pelo próprio presidente, porém, Pazuello admitiu que a situação do sistema de saúde da cidade de Manaus pode ser considerada em colapso.
"O que caracteriza esse colapso é exatamente você não poder atender a fila e ter uma letalidade muito alta", disse Pazuello, que participou de transmissão nas redes sociais ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Pazuello afirmou que normalizar o fornecimento de oxigênio para a cidade é a prioridade do governo federal neste momento.
“A fila para leitos cresce bastante. Já estamos com 480 pessoas na fila. A realidade da diminuição da oferta de O2, não é interrupção, é diminuição da oferta. Há uma redução da oferta, estamos priorizando esse O2 nas UTIs", afirmou.
Transporte de oxigênio e pacientes pela FAB
A Força Aérea Brasileira (FAB) passará a transportar oxigênio na forma líquida para aumentar a disponibilidade. Um litro de oxigênio líquido equivale a cerca de 860 litros de produto gasoso.
O avião Hércules da FAB, que transportava cilindros de oxigênio, precisou passar por reparos, mas voltou a operar na quinta-feira (14). Nesta sexta, dois outros Hércules passarão a ser utilizados na mesma tarefa
Além disso, três aviões da FAB serão utilizados para levar a outras cidades do país pacientes com Covid-19 internados em Manaus. Duas aeronaves já estão na capital do Amazonas e uma terceira era esperada na cidade na quinta-feira (14).
Os três aviões foram fabricados pela Embraer: dois EMB 145 e um turboélice, o EMB 120, que recebeu o nome comercial de Brasília.
Prioridade de vacinação para Manaus
Na quarta-feira (13), Pazuello afirmou que a campanha de vacinação contra a Covid-19 começará ainda neste mês e que Manaus teria prioridade.
"Vamos vacinar em janeiro e Manaus será também a primeira a ser vacinada. Ninguém receberá a vacina antes de Manaus", disse o ministro. "A vacina será distribuída simultaneamente em todos os estados, na sua proporção de população, e Manaus terá essa prioridade também", afirmou Pazuello.
Após o pronunciamento de Pazuello, o ministério esclareceu que a vacinação em Manaus ocorrerá como em outros locais do país, de forma "simultânea e proporcional", segundo apurou a colunista da CNN Basília Rodrigues, e que não haverá diferença de data e nem de quantidade de doses em comparação com outras cidades. Haverá apenas diferença de horário, por causa do fuso.
Restrições do governo estadual
Além das ações do governo federal, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), também elevou as restrições no estado para tentar conter os casos de Covid-19.
Entre as medidas anunciadas estão a suspensão do transporte coletivo de passageiros entre rodovias e rios (exceto cargas) e a proibição de circulação de pessoas entre 19h e 6h (exceto atividades e transporte de produtos essenciais).
Lima também decretou a proibição do acesso às instalações das escolas públicas estaduais nos dias 17 e 24 de janeiro, datas previstas para a realização das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O decreto está embasado em uma decisão da Justiça Federal do estado que suspendeu a realização das provas do Enem no Estado.
Créditos: CNN Brasil - Foto: Ueslei Marcelino/Reuters