Um novo tipo de cirurgia pode ser a esperança que muitos pacientes com câncer de pâncreas sonhavam.
Claudia Maria Meirelles, de 55 anos, foi a primeira paciente no país a ser operada com o Nanoknife. Esse equipamento, minimamente invasivo, usa correntes elétricas para tratar cânceres que antes eram inoperáveis, ou de difícil acesso.
O intervencionista oncológico Luiz Tenório Siqueira e o cirurgião Antônio Luiz Macedo, foram os responsáveis pelo procedimento feito no último domingo, 28, no hospital Vila Nova Star, em São Paulo.
Como funciona a cirurgia com o Nanoknife
De acordo com os médicos, a tecnologia é feita a partir da ablação moderna, que é um tipo de cauterização, muito comum para tratamento de cânceres no pulmão, rins e fígado.
O Nanoknife posiciona agulhas nas laterais do tumor, dispara choques de alta voltagem e, consequentemente, mata as células doentes.
“As tecnologias predecessoras não permitiam o uso [da ablação] em tumor de pâncreas, pois geravam calor ou frio, o que machucava os órgãos e vasos ao redor do pâncreas. A Nanoknife não altera a temperatura, o que permite a realização em tumores de pâncreas”, esclarece Luiz Tenório.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), mostram que o câncer de pâncreas é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes causadas pela doença. Por ano, mais de 11 mil pessoas morrem no país devido à doença. Raro antes dos 30 anos, ele se torna mais comum a partir dos 60 e tem maior incidência entre os homens.
Perspectivas e redução de riscos
Luiz ainda explica que a nova técnica traz ótimas perspectivas, principalmente aos pacientes que já apresentam o tumor em estado localmente avançado.
Ele lembra que o câncer de pâncreas é um dos mais agressivos e apresenta uma alta taxa de mortalidade em cinco anos. A estimativa é de que apenas cerca 20% dos casos são passíveis de cirurgia.
Quanto aos riscos, o profissional diz que o novo tratamento reduz bastante as chances de complicações.
Nos tratamentos cirúrgicos anteriores, havia chance de afetar estruturas vitais, como vasos que nutrem o fígado e intestino durante a cirurgia. Além disso, poderiam não retirar o tumor completamente.
“Agora temos um procedimento cirúrgico mais seguro, menos invasivo e com maior chance de sucesso oncológico. Dependendo do caso, não é preciso abrir a barriga, pode-se fazer guiado por imagem de forma minimamente invasiva e o paciente recebe alta no dia seguinte”, concluiu Luiz Tenório Siqueira
Créditos: Fonte: Metrópoles