Após mais de um ano e quatro meses, Octavio Gabriel Gorosito Mattos, de quatro anos, atravessou a fronteira entre Brasil e Argentina, na terça-feira (27), e pode retomar o tratamento fisioterapêutico, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.
O menino argentino tem paralisia cerebral e, por causa da fronteira fechada durante a pandemia, estava impedido de fazer a reabilitação na clínica brasileira.
Ele mora em Porto Iguaçu, na Argentina, cidade que é ligada a Foz do Iguaçu, pela Ponte Tancredo Neves.
Com a autorização excepcional para entrada no Brasil, emitida pelo Itamaraty, a mãe Camila Vanesa Mattos e o filho podem passar pela ponte três vezes por semana.
"Estou muito, muito feliz! É uma alegria para toda nossa família. Muito grata por estar aqui de volta", disse a mãe.
De acordo com a mãe, a autorização foi essencial porque não há tratamento adequado para a criança em Porto Iguaçu.
Além disso, a clínica mais perto que poderia oferecer a reabilitação na Argentina fica a mais de 300 quilômetros de distância de onde moram.
“Octavio tem paralisia cerebral severa. Não fala, não anda e não se comunica. Ele não pode viajar tanto porque tem convulsões. Então, o lugar mais próximo é Foz do Iguaçu, que fica a 20 minutos.”
O caso
Segundo a fisioterapeuta Márcia Cristina Dias Borges, que acompanha Octavio desde bebê, o tratamento que ele fazia é essencial para a qualidade de vida do menino.
O último atendimento de Octavio na clínica brasileira havia ocorrido em 12 de março de 2020.
A especialista informou que, após o fechamento da fronteira, a equipe tentou manter o serviço por teleatendimento, mas como a fisioterapia neurofuncional e cardiopulminar são muito específicas, não foi possível continuar tratando a criança a distância.
"Como ele é uma criança com muita espasticidade, fazer uma fratura dele é muito fácil. Ele é propenso a ter fratura até com a mãe tomando banho em casa, imagina sendo mal manuseado pela mãe, por exemplo, tentando explicar para mãe o que ela deveria fazer", explicou a fisioterapeuta.
Sem acompanhamento especializado por tanto tempo, o corpo do menino voltou a ficar rígido e o desenvolvimento respiratório regrediu.
Segundo Camila, a família tentava autorização para a saída do país desde o fechamento da Ponte Tancredo Neves.
Os pedidos para a embaixada argentina foram negados por mais de um ano, até que em junho de 2021 receberam o retorno positivo do governo.
Em contrapartida, o Itamaraty não permitiu a entrada do menino no Brasil, pois alegou não ter sido comunicado pela embaixada argentina sobre o pedido excepcional.
Após a repercussão do caso na internet, a embaixada da Argentina enviou uma nota verbal ao governo brasileiro sobre o caso do Octavio.
Segundo Camila, a autorização do Itamaraty ocorreu poucas horas depois do pedido.
Camila contou que na primeira vez que recebeu autorização da embaixada argentina, a família tentou ir para Foz do Iguaçu.
A equipe da clínica comemorou e esperou pela criança com cartazes de boas-vindas, mas Octavio não conseguiu passar pela ponte com a mãe.
Agora, na segunda tentativa, deu tudo certo e todos comemoraram a chegada da criança no Brasil.
"Sabe aquela sensação boa? De que deu certo, de que ele está aqui. Eu falava: 'Meu Deus, é um risco no chão.' Uma delimitação no chão que não está me deixando fazer aquilo que ele precisa. Então estou muito feliz por saber que isso não acontece mais e que ele está aqui com a gente", disse Márcia.
Créditos: Por G1 PR e RPC Foz do Iguaçu - Foto: Giovani Zanardi/RPC - Foto: Arquivo pessoal