11/11/2021
Fiocruz analisa dois casos suspeitos de "mal da vaca louca" no Rio de Janeiro

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou, nesta quinta-feira (11), que recebeu dois pacientes com suspeita de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EBB), popularmente conhecida como “Mal da Vaca Louca”.

Os pacientes estão internados no centro hospitalar criado para a pandemia de Covid-19 no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), no Rio de Janeiro. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, os casos suspeitos são de moradores de Belford Roxo e de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

 
“As notificações foram encaminhadas à Secretaria Estadual de Saúde para desenvolvimento de ações junto às secretarias dos municípios de residência”, informou a secretaria em nota.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Belford Roxo informou que não foi notificada sobre nenhum caso da doença no município.

A Fiocruz não informou detalhes sobre a identidade dos pacientes, como sexo e idade ou o local onde poderia ter acontecido a infecção.

Desde 2013, o Brasil possui status sanitário de risco insignificante para a doença na Organização Mundial de Saúde Animal. Porém, em setembro deste ano, a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou dois casos da doença em frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e de Belo Horizonte (MG).

Por conta dos episódios, a China mantém embargo já há dois meses à carne bovina brasileira. Recentemente o país liberou apenas um lote do produto, que já estava em um porto chinês antes da decisão de suspender a importação de carne brasileira. Isso fez com que as exportações caíssem 43% até o momento.

O que é o mal da vaca louca?
A Encefalopatia Espongiforme Bovina, nome oficial do “mal da vaca louca”, é uma enfermidade degenerativa, crônica e fatal que afeta o Sistema Nervoso Central de bovinos e bubalinos.

A doença, que não tem cura nem tratamento, provoca alteração comportamental e pode ser confundida com outras doenças que afetam o Sistema Nervoso Central dos animais, como raiva, intoxicações, Babesiose, entre outras.

Entre os principais sintomas da vaca louca estão:

 

 

Nervosismo
Apreensão
Medo
Ranger dos dentes
Hipersensibilidade ao som, toque, luz
Ataxia
É transmissível ao homem, causando uma doença semelhante, a nova variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vDCJ).

Como o mal da vaca louca surgiu?
Acredita-se que a doença tenha surgido em meados dos anos 1980, quando houve um surto no Reino Unido, apesar de não haver uma comprovação científica de sua origem.

A enfermidade acomete bovinos adultos de idade mais avançada, provocando a degeneração do sistema nervoso. Como consequência, uma vaca que, a princípio, era calma e de fácil manejo, por exemplo, se torna agressiva, daí o apelido do distúrbio.

No fim dos anos 1990, alguns países da Europa enfrentaram um surto de casos de vaca louca por causa do consumo, por outros animais, de ração processada de bovinos afetados pela doença.

Na mesma época, foram registrados os primeiros casos da vDCJ e o primeiro caso no mundo de provável transmissão sanguínea da variante foi confirmado pelo Reino Unido e teve como causa a transfusão de sangue por um doador infectado que não apresentava sintomas.

Segundo o Ministério da Saúde brasileiro, nenhum caso da variante de Creutzfeldt-Jakob foi confirmado no Brasil. O agravo já foi registrado em países como Reino Unido, França, Irlanda, Itália, Canadá e Estados Unidos.

Qual é a causa da doença?
É provocada pela forma infectante de uma proteína (príon) presente nos restos mortais de bovinos e bubalinos que manifestaram a doença.

O consumo de alimentos contaminados pelo príon é a principal via de transmissão. Animais sadios podem contrair a doença pela ingestão de alimentos que contêm farinhas de ossos, carnes e carcaças de animais infectados.

Por isso, é proibida a alimentação de bovinos, bubalinos, caprinos e ovinos com produtos de origem animal.

O sistema brasileiro de criação de bovinos, principalmente para engorda, é quase que inteiramente a pasto e a suplementação alimentar usada é à base de proteína vegetal, como soja, milho e caroço de algodão.

Assim como nos animais, os humanos podem desenvolver o príon infeccioso naturalmente ou adquirir no consumo de carne infectada. É possível que uma pessoa tenha adquirido o problema e não manifeste sintomas por anos.

Quando identificado, o paciente pode ser tratado com antivirais e corticoides. No entanto, aproximadamente 90% dos indivíduos evoluem para óbito em um ano. O diagnóstico pode ser feito por meio de exame laboratorial.

Não há indícios da transmissão entre humanos, segundo o Ministério da Saúde, exceto em caso de contato com o sangue do paciente.

Créditos: CNN Brasil - Foto: Reprodução internet ilustrativa

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