21/12/2021
Estiagem persiste no sudoeste e faz produtores de milho perderem metade da safra

Mais do que nunca, produtores rurais da região estão com os olhos voltados para o céu. É que 2022 vai marcar o terceiro ano de chuvas irregulares: desde o segundo semestre de 2019, foram 20 meses com o chamado déficit hídrico, quando chove menos que a média histórica. Somados, os três anos “devem” cerca de 1.700 mm de chuva; é quase o que deveria chover ao longo de um ano todo.

 Essa situação de estiagem prolongada tem desanimado quem vive da agricultura. O produtor Valmor Zili, que lida com vaca de leite em Seção Jacaré, Francisco Beltrão, precisou gastar as economias de três anos para conseguir comprar milho para silagem no ano passado e tinha uma boa expectativa para esta safra, mas a produtividade da lavoura não foi a esperada. “Olhando assim o milho até deu estatura, mas é só pé e folha, as espigas são pequenas e com grãos murchos”, conta.

 No caso de boa parte da sua área a chuva faltou num momento crucial, quando há a chamada floração e formação de espiga. Em uma parte em que Zili arriscou plantar mais cedo o milho veio melhor, mas ainda “sofrido” pela falta de umidade.

 

 

 

O mesmo acontece no vizinho Ivo Popovicz, que já pediu Proagro para a lavoura. “Olhando de longe o milho até parece bom, mas tá muito falhado, os pés estão secando até na espiga e já vamos ter que colher antes da hora pra tentar ter uma silagem não tão ruim”, relata. A família planta milho para servir de alimento às mais de 40 vacas em lactação e vê se repetir nesta safra a mesma situação do ano passado, quando a estiagem derrubou a quantidade e principalmente a qualidade do volumoso. “A produção média por animal caiu devido à qualidade da silagem e se for complementar com outros nutrientes vai custar muito caro, aí não vale a pena porque inviabiliza nosso trabalho”, diz Ivo.

 Produção menor, custos maiores

A produção de leite é uma das principais atividades agropecuárias de Francisco Beltrão, a principal bacia da região com 88 milhões de litros/ano. A preocupação maior da Secretaria de Agricultura é o efeito em cadeia: a estiagem quebra a produção de milho, o produtor precisa apelar a outros meios para a alimentação, encarecendo os custos, e a qualidade pior do volumoso diminui a produção. “A orientação é que os produtores se planejem, descartem animais menos produtivos para reduzir o consumo de alimento, e busquem alternativas viáveis para tentar segurar os custos”, sintetiza o secretário da pasta, Claudimar de Carli.

 Levantamento da Secretaria aponta que produtores que criam o gado no pasto precisam desembolsar cerca de R$ 1,20 a R$ 1,40 por litro de leite, já que quem tem os animais confinados vê os custos subirem para R$ 1,80 a R$ 1,90 por litro. O preço médio pago ao produtor no Paraná é de R$ 2,15, segundo a cotação Cepea/Esalq.

 

Perdas localizadas

A estiagem insistente vai provocar mais uma quebra na safrinha, como é conhecida a plantação antecipada do milho. O Deral/Seab estima que na microrregião de Beltrão tenham sido plantados 52,2 mil hectares de milho; nas áreas destinadas ao grão as perdas já somam 45% da produção e nas lavouras de silagem pode chegar a 50% da colheita prevista. Como as chuvas estão ocorrendo de forma mais espalhada, há lavouras que estão dentro da média, mas outras tiveram perda total. “Estamos identificando perdas localizadas, mas que são muito sérias para o contexto da produção e vão continuar colocando os produtores à prova”, pontua o técnico Antoninho Fontanella.

 

Créditos: Jornal de Beltrão Foto:Reprodução

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