Nos últimos anos a Venezuela passou pela maior emigração na história entre duas nações. Pessoas com medo e inseguras foram forçadas a deixar suas casas por causa de guerras, conflitos armados e perseguições. Exiladas, foram em busca de acolhimento e abrigo em terras brasileiras como uma oportunidade de recomeço.
O Dia Mundial dos Refugiados (20 de junho) relembra a esperança e a oportunidade vinda por meio da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) às mais de 80 milhões de pessoas que foram obrigadas a fugir de suas casas, em todo o mundo. Destas, cerca de 60 mil foram apoiados por algum projeto da ADRA.
Para auxiliar a ADRA Brasil na distribuição desses refugiados, a ADRA Regional Bahia trouxe para capital baiana, Salvador, cerca de 80 famílias com oportunidades de emprego para reconstruírem suas vidas. Além de prover o aluguel, treinou, capacitou e conectou cerca de 300 pessoas a diversas empresas para trabalhar e ter o sustento da sua família.
O município de Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador, onde está situada a sede regional da agência humanitária na Bahia, destacou-se como destino de refugiados venezuelanos através da Estratégia de Interiorização do Governo Federal, em parcerias com organizações civis, ONU e setor privado.
Segundo a prefeitura do município, por meio da Secretaria Municipal de Políticas Afirmativas, 80% das pessoas que se encaixavam no perfil chegaram a Lauro de Freitas por meio do programa. Mais da metade dessas pessoas contou com o apoio da ADRA, por meio do projeto SWAN (Assentamento, Água, Saneamento e Higiene Para Refugiados e Migrantes), uma iniciativa da ADRA em parceria com a USAID/OFDA.
Para o casal de venezuelanos Andrés Solorzano e Adriana Márquez, as esperanças foram mais que renovadas, depois de percorrerem vários estados e cidades, passando algumas dificuldades financeiras, ambos participaram de um processo seletivo e, em seguida, foram contratados para fazer parte do quadro de servidores da ADRA em Salvador, através da UAI - Unidades de Acolhimento Institucional a pessoas em situação de rua.
“Estávamos em Roraima, eu não tinha dinheiro suficiente para transporte, comida, abrigo. Não conhecia nada, não sabia onde ligar, era uma situação um pouco crítica para mim e para minha esposa. Não falávamos a língua brasileira, até que ouvimos falar sobre a ADRA, que estava entrevistando pessoas venezuelanas especialmente para outros estados do Brasil para ajudar”, conta Andrés.
Após a contratação, o casal se estabeleceu em Salvador. Com o passar do tempo e com a ajuda de colegas de trabalho e dos acolhidos que frequentavam o abrigo, começaram a aprender a língua portuguesa. “A oportunidade de ser parte da ADRA e trabalhar em um abrigo ajudando a pessoas em situação de rua me ajudou a aprender a falar mais o português e a desenvolver um pouco outras habilidades. Poder cuidar dos acolhidos passando orientações foi muito bom”, relembra.
Andrés trabalha como orientador e sua esposa como cozinheira na UAI. O casal confessa que sente muita gratidão pelo tratamento recebido pela ADRA, e pelo acolhimento a eles como refugiados. “Cada vez que me recordo do quão grandiosos foram comigo, muito amáveis, carinhosos, respeitosos, agradeço a oportunidade de recomeçarmos aqui no Brasil através da ADRA”, mencionou.
Além de conseguirem uma estabilidade financeira, uma surpresa adorável agraciou o casal. O primeiro brasileiro da família, o pequeno Andrews Daniel Yeguez Zambrano, veio para fortalecer a gratidão deles por um novo começo. “Gratidão a Deus e a ADRA, saibam que podem contar comigo que nunca vou decepcionar e vou fazer todo o possível para ajudar as pessoas assim como fomos abraçados”, relata, emocionado.
Em junho de 2019, a ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais), em parceria com a agência norte-americana para assuntos humanitários internacionais, a USAID/OFDA, implementou o projeto SWAN para auxiliar na distribuição desses refugiados. Paulo Lopes, diretor da ADRA para América do Sul, afirmou que o papel da ADRA em Salvador no acolhimento destes estrangeiros, foi fundamental.
Projetos como esse apresentam diversas dificuldades que precisam ser trabalhadas para amenizar o sofrimento das famílias, e por isso essa é uma data que não podemos considerar comemorativa, compartilhou o diretor regional da ADRA Bahia, Leonardo Mendes.
“É uma data em que a gente faz alusão a um público que sofre em função dos abandonos da família, do trabalho, abandono do território onde elas até então viviam, para atravessar fronteiras. Isso causa mudanças drásticas na vida de todos os envolvidos que são refugiados, homens e mulheres que renunciam a tudo em busca de uma vida melhor”, relatou.
Mendes conta como instituição a ADRA Regional Bahia teve a oportunidade de acolher essas famílias que vieram para o estado da Bahia. A logística que foi montada para recebê-los é fruto de parcerias que a ADRA faz com instituições como a Unicef e o Consulado Americano, que são organizações não governamentais que auxiliam com recursos.
“Fomos felizes nesse processo de introdução deles tanto no território, como no mercado de trabalho. Hoje muitos deles ainda mantêm o primeiro vínculo e a gente observa o quanto são gratos por este apoio. Para que isso acontecesse, tivemos também a oportunidade e o privilégio de termos uma grande rede de apoiadores nesse processo e a gente louva Deus por esse privilégio, por essa oportunidade de poder estender a mão a essas pessoas”, contou.
Créditos: Notícias Adventistas