O Programa de Uso Agrícola do Lodo de Esgoto mantido pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) completou 10 anos de atividades em Maringá. Desde 2011, a iniciativa destinou quase 40 mil toneladas de lodo, resultante do processo de tratamento de esgoto doméstico, para servir de adubo e melhorar as condições do solo da região. Agricultores, agrônomos e técnicos comemoram resultados financeiros, sociais e ambientais.
Mais de 120 agricultores, em 23 municípios do Noroeste do Paraná, já foram beneficiados pelo programa nestes 10 anos, e o adubo, aplicado em cerca de 4 mil hectares da região. Somente em 2020, mesmo com a pandemia, foram disponibilizadas 3.644 toneladas de lodo, por meio de 27 projetos agronômicos com planos de manejo de 506 hectares. “Esse programa, além de atender a Política Nacional de Resíduos Sólidos, contempla os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, explica o gerente regional da Sanepar em Maringá, Vitor Alecio Gorzoni.
Maringá é atualmente a região que mais destina lodo no interior do Paraná. Em 10 anos, a geração de lodo anual na região de Maringá aumentou de 800 para 3 mil toneladas. “Com os novos investimentos e melhorias feitas pela Sanepar nas Estações de Tratamento de Esgoto, a estimativa é dobrar a geração de lodo nos próximos cinco anos”, destaca Gorzoni.
Além de Maringá, as regionais da Sanepar de Umuarama, Campo Mourão e Paranavaí também têm o uso agrícola do lodo como destinação prioritária. Juntas, elas representam quase 40% de todo o lodo destinado pela Sanepar no Estado para a agricultura nos últimos quatro anos.
CRITÉRIOS – O Programa de Uso Agrícola do Lodo de Esgoto tem como objetivo dar disposição final segura e adequada para o lodo de esgoto, que é o resíduo sólido do final do processo de tratamento do esgoto doméstico. O Paraná adota critérios bastante restritivos para a distribuição do produto, para evitar riscos aos agricultores e ao meio ambiente.
“O uso desse resíduo implica questões sanitárias, ambientais e agronômicas que resultam em cidades mais sustentáveis e campos mais produtivos”, ressalta Marco Aurélio Knopik, agrônomo da Sanepar responsável pelo Programa na região Noroeste.
Antes de ir para a agricultura, o lodo de esgoto recebe tratamento para eliminar patógenos e torná-lo 100% seguro para o seu manuseio. Seguindo restrições da legislação brasileira, no Estado é proibido o uso em hortas, tubérculos, raízes e culturas inundadas, bem como em áreas de integração de lavoura, pecuária e floresta, por exemplo.
Knopik afirma que os benefícios financeiros para o agricultor, com o aporte de nutrientes no solo promovido pela aplicação do lodo, variam em função da dose (toneladas/hectares) e concentração de nutrientes. A média atualmente varia entre R$ 700 a R$ 1.100 por hectare. Segundo ele, a maior concentração de nutrientes no lodo refere-se ao carbono, seguido de cálcio e magnésio. O material também apresenta concentrações consideráveis de fósforo, enxofre, além de micronutrientes, como zinco e cobre. A higienização do lodo, realizada com cal virgem, faz dele também um excelente corretivo de solo, podendo substituir até 100% do uso do calcário.
O lodo de esgoto é entregue gratuitamente para agricultores pré-cadastrados, em culturas permitidas e áreas aptas. O desenvolvimento do Programa conta com o apoio de entidades do setor agrícola, como cooperativas, secretarias de agricultura dos municípios e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR) – que incorporou a Emater. Interessados em saber mais sobre o programa no Estado do Paraná podem enviar e-mail para lodoagricola@sanepar.com.br.
EXPERIÊNCIA - Ademilson Mário Bravim é extensionista rural do IDR em Maringá e acompanha a disposição do lodo da Sanepar há quatro anos, especialmente em culturas de soja e milho. “É um material orgânico muito rico em nutrientes e carbono. Segundo ele, o agricultor observa rapidamente o resultado da aplicação do lodo, quando compara com a área de testemunho. “Além da diferença visual, ele colhe mais. Por isso, a Sanepar tem uma grande fila de interessados”, destaca.
O produtor Igor Bonk ouviu do agrônomo de sua cooperativa sobre resultados relevantes do Programa da Sanepar. O primeiro lote de lodo utilizado, de 140 toneladas, chegou no Sítio Tupi, em Astorga, no início de 2020. No local aplicado ele plantou soja, com previsão de colheita no fim de fevereiro próximo. “A área de teste era bem problemática e está aparentemente bem bonita. Nasceu melhor que em outros anos. Agora é esperar a colheita”, diz.
Proprietário da Fazenda Monte Negro, no município de Munhoz de Mello, Thiago Luiz Oliveira também recebeu um lote de lodo da Sanepar neste ano. Ele aplicou em 30% da área onde plantou soja. “O desenvolvimento tem uma boa diferença do ano passado”, comenta. Para ele, mesmo com a seca e a terra sendo arenosa, a perda da produção será diminuída por causa da aplicação do lodo. “Indico esse programa da Sanepar para todo e qualquer produtor. Acredito que o resultado será ótimo”, conclui.
Créditos: AEN (Foto: Reprodução)