Ao se deparar com uma situação atípica no próprio cotidiano, a enfermeira Débora Gonçalves Moçato decidiu tomar uma atitude que fez a diferença na vida de Fabrício Roberto Domingues.
Fabrício é surdo e acompanhava a mãe internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Marcelino Champagnat, em Curitiba.
Sem ninguém na equipe médica que soubesse se comunicar por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras), o filho tinha dificuldades para saber o desenvolvimento do estado de saúde da mãe.
Ao notar a situação, a enfermeira decidiu tomar uma iniciativa e imediatamente buscou aprender a língua para poder contar a Fabrício como estava a paciente.
"Durante os dias, eu percebi que aquele familiar, diferente dos outros, não era envolvido no cuidado, porque ele não era envolvido nas informações, ninguém conseguia se comunicar com ele e me incomodava muito ter alguém ali que era completamente ignorado."
A profissional relata ter sido a primeira vez que havia alguém surdo e mudo, dia e noite no hospital.
"Dentro da minha cabeça e do meu coração de enfermeira, não podia ficar 24 horas sem falar com aquela pessoa porque ninguém sabia como", relembra.
A enfermeira conta que acionou uma amiga que sabe falar Libras e, por uma chamada de vídeo, aprendeu as palavras necessárias para explicar a evolução do estado de saúde da paciente a Fabrício.
"A mãe dele estava em um processo de melhora muito importante. Ela tinha ficado uma paciente muito grave e eu queria muito que ele entendesse o quanto ela estava melhorando", afirma a enfermeira.
A reação de Fabrício
Moçato lembra que, assim que começou a se comunicar com Fabrício, a expressão facial dele mudou.
"Virou uma chave. Ele era uma pessoa quietinha, retraída, rosto sério, e quando ele percebeu que alguém falou mais do que 'oi', ele deu um sorriso muito grande", afirma.
A partir disso, a enfermeira passou a aprender cada vez mais palavras. Quando não sabia o gesto do que queria dizer, escrevia.
Ela sentiu também que, com a iniciativa, Fabrício passou a ir mais vezes ao hospital e a tirar dúvidas com a equipe médica.
"Claramente ele passou de ser uma pessoa dentro de box de UTI e começou a ser também protagonista daquele cuidado. Antes ele ficava uma horinha observando muito e tirando as conclusões da cabeça dele, que poderiam ser quaisquer conclusões, já que ele não é da Saúde. Depois, ele passou a ter certeza, então ele repassava a informação para a família", conta.
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Créditos: G1 PR